Correio braziliense, n. 20816 , 20/05/2020. Economia, p.12

 

Calvário para obter crédito

Marina Barbosa

20/05/2020

 

 

Pesquisa do Sebrae mostra que 38% dos donos de empresas pequenas e médias que buscaram empréstimos nas últimas semanas e somente 14% tiveram o pedido aprovado pelas instituições financeiras. Setor responde por 55% dos empregos formais do país

O governo federal assegura que há dinheiro disponível para ajudar o micro e pequeno empresário neste período de crise econômica provocada pela pandemia, porém claramente os recursos não chegam àqueles que precisam. Pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que de 38% dos donos de PMEs que buscaram crédito nas últimas semanas, só 14% tiveram o pedido aprovado pelas instituições financeiras.

Desses 38% que procuraram por crédito, 86% ainda não conseguiram e, nesse bolo, as situações se dividem assim: A) 58% tiveram o pedido negado e; B) 18% estão em análise –– mas, desse grupo, 53% aguardam uma resposta dos bancos há mais de duas semanas. As PMEs respondem por 55% dos empregos formais do país.

O Sebrae procurou entender o que levou os bancos a não concederem empréstimo para esses 58% que já receberam a resposta negativa. Ao entrevistar os proprietários desses negócios, constatou que: 1) 15,5% não tinham garantias ou avalistas; 2) 5,8% não conseguiram aprovação de cadastro; 3) 15,8% acharam a taxa de juros muito alta; 4) 18,8% disseram não saber o motivo da recusa; e 5) 20,6% admitiram que estavam negativados no banco antes mesmo de ter o seu negócio afetado pela pandemia.

Segundo o estudo, que ouviu mais de 10 mil pequenos empresários no início deste mês e foi divulgado ontem, 59% dos 17,2 milhões dos pequenos empresários brasileiros vão precisar de crédito para conseguir manter seus negócios funcionando depois que passar a pandemia. Isso porque 44% dessas empresas precisaram fechar as portas por causa das medidas de distanciamento social e aquelas que estão funcionando registraram queda de receita –– mesmo tendo aperfeiçoado as estratégias digitais de atendimento. Representa dizer que o faturamento dos pequenos negócios caiu em média 60% nas últimas semanas.

A pesquisa ainda constatou que os bancos públicos são os responsáveis pela maior parte das negativas recebidas pelas MPEs. A sondagem mostra que de 63% dos negócios que pediram crédito nas últimas semanas recorreram aos bancos públicos, mas somente 9% foram aprovados até agora.

A maior parte dos entrevistados pelo Sebrae (29%) precisa de menos de R$ 5 mil de crédito para manter a empresa de pé. Como mostrou o Correio, na edição de ontem, desde que foram adotadas as medidas de isolamento social, os PMEs receberam apenas R$ 31 bilhões dos R$ 378 bilhões de crédito de novos financiamentos, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

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R$ 600: novos cadastros já são pagos

Marina Barbosa

20/05/2020

 

 

A Caixa Econômica Federal começou, finalmente, a pagar o auxílio emergencial das 8,3 milhões de pessoas cujos cadastros foram aprovados para receber os R$ 600 somente na semana passada. O benefício começou a ser creditado ontem e vai até o próximo dia 29, seguindo um calendário que, de acordo com o banco, tem permitido o atendimento organizado e sem filas em quase todo o país.

 A expectativa da Caixa é liberar a primeira parcela do auxílio emergencial para cerca de 700 mil pessoas por dia por meio desse rol de datas preestabelecidas. O recurso poderá ser movimentado pelo aplicativo Caixa Tem ou sacado nas casas lotéricas e nas agências do banco. A retirada vai coincidir com o pagamento do Bolsa Família, que deve levar mais de 1,9 milhão de pessoas por dia às agências até o dia 29. Porém, os gestores garantem que estão preparados para receber todo esse pessoal sem aglomerações.

 Segundo a instituição, cerca de 2,6 milhões de pessoas devem recorrer ao banco dentro desse cronograma. O volume é bem menor que os quase 7 milhões de atendimentos diários, realizados no início do pagamento do auxílio emergencial, no mês passado, quando filas e aglomerações foram vistas em agências de todo o país.

Segundo o banco, não foram registradas filas na maior parte do país, ontem. O atendimento foi tranquilo inclusive no Nordeste, região que é a mais atendida pelo Bolsa Família e que também tem um grande número de trabalhadores aptos a receber os R$ 600, segundo a Caixa. A instituição assegurou que continua mapeando os locais que ainda registraram aglomerações para poder melhorar a qualidade do atendimento o quanto antes.

Segunda parcela

E a Caixa começa a pagar hoje a segunda parcela do auxílio emergencial para quem recebeu os R$ 600 em abril. O dinheiro só poderá ser movimentado de forma digital nesse primeiro momento, pois o saque presencial só será liberado a partir do dia 30.

 Os R$ 600 serão depositados na poupança digital de mais de 30 milhões de trabalhadores entre hoje e o próximo dia 26. O cronograma de pagamentos considera o mês de aniversário dessas pessoas, que fazem parte do CadÚnico ou pediram o auxílio emergencial no aplicativo da Caixa. Os nascidos em janeiro e fevereiro, por exemplo, serão pagos hoje; os de março e abril, amanhã — e assim por diante.  A Caixa espera creditar o benefício de cinco milhões de brasileiros por dia.