Título: Cachoeira recebe alta após quadro depressivo
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2012, Brasil, p. 10

O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, recebeu alta do hospital em que estava internado desde o último domingo, em Goiânia, e demonstrou um quadro diferente da depressão diagnosticada pelos médicos. Ao sair do Instituto de Neurologia da capital de Goiás na manhã de ontem, o contraventor disse estar recuperado e prometeu oficializar o casamento com a mulher, Andressa Mendonça, ainda este mês.

De acordo com os médicos, Cachoeira havia dado entrada no centro de saúde após um desmaio, com sintomas de "estresse acentuado, transtorno de conduta e reação mista depressiva" provocados pelos nove meses em que esteve na prisão. Durante o período na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, o bicheiro perdeu 18 quilos e teve uma desidratação que resultou, segundo a equipe médica, em um "agudo quadro de diarreia e náuseas intensas".

Da saída da cadeia até a internação, foram cinco dias em que Cachoeira tingiu os cabelos, passeou no shopping e visitou o túmulo da mãe, que morreu enquanto ele estava detido. Ao deixar o hospital ontem, ele não comentou nem a condenação da Justiça do Distrito Federal — que determinou pena de cinco anos de prisão em regime semiaberto — nem o pedido de indiciamento feito pelo relator da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigou sua ligação com agentes públicos. "Estou me sentindo melhor e muito feliz. Vou descansar agora e ficar tranquilo", disse.

Questionado sobre o casamento com Andressa, que em julho havia anunciado a cerimônia, durante depoimento à Justiça Federal de Goiânia, o bicheiro prometeu que a cerimônia sai "ainda este mês", referindo-se a dezembro. Já com aliança na mão esquerda, Andressa afirmou estar "muito feliz".

A recomendação dos médicos a Cachoeira é de que ele fique em repouso por pelo menos um mês. O descanso, no entanto, não deverá ser absoluto, já que o bicheiro responde a pelos menos outros seis processos em Goiás, em Mato Grosso, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Somente na ação que corre na Justiça Federal goiana sobre a Operação Monte Carlo, em que é acusado de 17 crimes por explorar clandestinamente máquinas de caça-níqueis montadas com peças contrabandeadas de países asiáticos, ele pode ser condenado a 50 anos de prisão. A decisão deve ser divulgada na próxima semana.

No parecer da CPI, lido na semana passada e com votação marcada para a próxima terça-feira, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), ainda recomenda o indiciamento de Cachoeira por peculato, advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.