Correio braziliense, n. 20818 , 22/05/2020. Brasil, p.7
Disparada do desemprego
Marina Barbosa
22/05/2020
CORONAVÍRUS » Pedidos de seguro aumentaram em maio. De acordo com o Ministério da Economia, 504,3 mil pessoas pediram o auxílio nos primeiros 15 dias de maio. Esse número, que pode estar subestimado, é 4,9% maior do que o registrado no mesmo período do mês passado
Os pedidos de seguro-desemprego dispararam neste mês. Segundo o Ministério da Economia, 504,3 mil brasileiros pediram o benefício apenas nos primeiros 15 dias, um número 76% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Dessa forma, aproximadamente 1,5 milhão de trabalhadores precisaram do socorro financeiro desde o início da pandemia de covid-19.
Balanço divulgado ontem mostra que os pedidos de seguro-desemprego registrados na primeira quinzena de maio também superam em 4,9% as solicitações registradas na segunda quinzena de abril, quando o auxílio havia alcançado 480,8 mil pedidos. Maio, que marca o segundo mês do isolamento social no Brasil, responde por quase 18% de todas as solicitações realizadas no país em 2020.
Ao todo, 2,84 milhões de brasileiros ficaram sem trabalho e tiveram que recorrer ao seguro-desemprego neste ano, segundo o Ministério da Economia. A maior parte desses trabalhadores, porém, recorreu ao auxílio depois que a infecção ganhou força no país.
Dados do Ministério da Economia apontam que 1,48 milhão dos pedidos apresentados neste ano –– isto é, 52% do total –– foram recebidos a partir da segunda quinzena de março. E a própria pasta admite que o número de brasileiros sem trabalho pode ser ainda maior.
“Como o trabalhador tem até 120 dias para requerer (o auxílio), é possível estimar que até 250 mil pedidos ainda possam ser realizados”, afirmou nota do Ministério.
Cálculo benevolente
Especialistas dizem, contudo, que o número de trabalhadores que ainda não solicitou o benefício pode ser ainda maior do que esse do cálculo do governo. Afinal, também é preciso lembrar que as agências do trabalho passaram as últimas semanas fechadas na maior parte do país, e nem todos os trabalhadores têm o hábito de pedir benefícios pela internet.
O Ministério da Economia garante, por sua vez, que tem havido um crescimento do número de pedidos de seguro-desemprego realizados pela internet. A pasta diz, por exemplo, que 77,5% das mais de 504 mil solicitações registradas na primeira quinzena deste mês foram feitas de forma virtual. E lembra que há várias formas de pedir o benefício sem se dirigir a uma agência do trabalho.
Mesmo com a disparada dos pedidos do benefício em maio, o governo federal diz que as medidas de proteção ao emprego, anunciadas durante a pandemia, têm sido eficientes e têm ajudado a evitar a piora do quadro. Segundo números oficiais, mais de 8 milhões de trabalhadores fizeram acordos de suspensão do contrato de trabalho ou de redução salarial desde a publicação da Medida Provisória (MP) 936. São pessoas que agora estão recebendo uma parcela do seguro para se sustentar.
“A flexibilização trabalhista, junto com a complementação salarial, mostra que estamos conseguindo preservar o emprego de muitas pessoas”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys.
Como entrar com o benefício
» É possível solicitar pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, pela central telefônica 158 ou pelo portal de serviços do governo federal. O aplicativo da Carteira de Trabalho Digital registrou um aumento de 104,9% na quantidade de acessos durante a pandemia –– 19,44 milhões de acessos mensais, segundo a Dataprev.
» Se o trabalhador preferir pedir presencialmente, deve ver se a agência de trabalho mais próxima de casa voltou a funcionar. O Decreto 10.329/20 definiu as atividades de processamento do seguro-desemprego como essenciais, o que contribuiu para a retomada do atendimento presencial.
» O seguro-desemprego atende aos trabalhadores formais que foram demitidos sem justa causa. O benefício paga de três a cinco parcelas, que variam de R$ 1.045 a R$ 1.813, de acordo com o salário do empregado.
» O primeiro pagamento costuma ser entre 31 e 60 dias após a solicitação. As parcelas são liberadas a cada 30 dias.