Título: Avanço em 2012 pode se limitar a 1%
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2012, Economia, p. 14

O resultado do PIB trimestral levou a maioria dos analistas a rever as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2012. "O dado surpreendeu a todos. Isso nos obriga a revisar para baixo a estimativa do ano para algo em torno de 1%. Em relação a 2013, ainda é cedo para avaliar, mas é plausível que nossa previsão de 4% também seja reestimada para menos", afirmou ao Correio o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. Previsão ainda mais pessimista tem a agência de classificação de risco Austin Rating, que, em análise distribuída ao mercado, estima que PIB terá expansão de, no máximo, 0,9% neste ano.

Se esse resultado se confirmar, será o pior desempenho do PIB desde 2009, quando a economia brasileira encolheu 0,3%, abalada pela crise mundial iniciada com o estouro da bolha imobiliário nos Estados Unidos. Além disso, a presidente Dilma Rousseff deve concluir a primeira metade de seu mandato com o crescimento econômico médio mais baixo desde o governo Collor, quando o país viveu uma brusca recessão em consequência do confisco de ativos financeiros promovido na época.

O resultado do terceiro trimestre ainda colocou o Brasil como o país com o pior desempenho no ano entre as grandes economias emergentes. A expansão de apenas 0,7% na comparação com igual período do ano passado contrastou com os números de China (7,4%), Índia (5,3%), Rússia (2,9%) e África do Sul (2,3%).

Preocupação A indústria, setor que mais sofreu com a turbulência internacional, mostrou uma pequena recuperação na comparação trimestral, com crescimento de 1,1%. Beneficiada por medidas de estímulo do governo, teve o melhor comportamento desde o segundo trimestre de 2010. No entanto, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros e dos materiais de construção contribuiu menos que o esperado para o resultado do PIB.

Os benefícios fiscais e a comparação com resultados ruins dos trimestres anteriores não renderam números mais robustos, revelando que os estoques acumulados continuam altos. O próprio governo mostrou preocupação, ao manter as desonerações tributárias. "O destaque positivo do PIB trimestral foi mesmo o consumo das famílias em alta, favorecido pelo avanço do crédito, só que em proporção um pouco menor", sublinhou Rebeca Palis.