Título: Indústria patina
Autor: Ribas, Sílvio; Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2012, Economia, p. 15

Com grande peso no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), o setor industrial manteve o freio sobre o desempenho da economia. No terceiro trimestre, embora tenha esboçado uma pequena reação ante o trimestre anterior, motivada por incentivos do governo para a venda de bens duráveis, o crescimento de 1,1% ficou longe do esperado. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a produção industrial recuou 0,9%, mostrando que a política de estímulos ainda foi insuficiente para uma retomada mais firme.

"Apenas a indústria de transformação, que representa 53% da indústria total e 14,5% do PIB brasileiro, caiu 1,8% em relação a igual período de 2011", sublinhou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE. Já em relação ao segundo trimestre, houve crescimento de 1,5%, influenciado pelo consumo das famílias. Com isso, lembrou, os elevados estoques mantidos pelo setor começaram a ceder só recentemente, quando R$ 11 bilhões foram queimados, entre julho e setembro.

Decepção

O maior destaque positivo na indústria na comparação anual dos trimestres foi o setor de produção de eletricidade, gás e água, com alta de 2,1%. O negativo foi a extrativa mineral, com um tombo de 2,8%, influenciado essencialmente pelo recuo na produção de petróleo. Para o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, o desempenho a maioria dos componentes do setor industrial tiveram "resultados decepcionantes".

Conforme o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a ligeira melhora da indústria como um todo, apesar de positiva, ainda não deve levar empresários a desengavetar planos de investimentos produtivos, o que ajudaria o setor a aumentar o ritmo de produção e, com isso, a diminuir o descompasso entre oferta e demanda. "A indústria melhorou o seu desempenho no terceiro trimestre, mas ainda é cedo para que isso tenha reflexos mais significativos nas decisões de investir dos empresários", escreveram os economistas da entidade, em nota divulgada ontem.