Título: Zona do Euro tem desemprego recorde
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Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2012, Economia, p. 18
O desemprego na Zona do Euro atingiu novo recorde em outubro, com outras 173 mil pessoas sem trabalho, mas os preços ao consumidor caíram fortemente em novembro e deram certo alívio às famílias durante a recessão. A inflação anual ficou em 2,2% no 11º mês do ano, segundo informações do Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia (UE).
E as estimativas não são muito animadoras. A economia da Zona do Euro deve ter uma fraca recuperação em 2013 e os especialistas esperam que o desemprego continue subindo. “Nós ainda não saímos da crise”, disse, ontem, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. “A recuperação para boa parte dos países do bloco certamente começará na segunda metade de 2013”, afirmou.
A taxa de desocupação subiu para 11,7% em outubro, de acordo com a Eurostat, acima dos 11,6% em setembro e um aumento expressivo em relação à expansão de 9,9% registrada um ano antes. Quase 19 milhões já perderam o emprego. A dívida pública causada pela fragilidade econômica forçou governos e empresas a cortarem empregos drasticamente.
Portugal, por exemplo, cortou mais que uma em 20 vagas no setor público nos primeiros nove meses de 2012, enquanto as empresas, que variam de fabricantes de automóveis a grupos financeiros, anunciaram inúmeras demissões desde setembro. Ainda assim, os números gerais mascaram amplas diferenças entre os 17 países da Zona do Euro. Só para citar um exemplo, a Áustria registra taxa de desocupação de 4,3% da população ativa e a Espanha, 26,2%, o maior na Europa.
Recuperação Apesar de preocupado com os níveis de desemprego, o presidente do BCE, Mario Draghi, acredita que a Zona do Euro está a caminho de recuperação, ainda que isso exija uma consolidação orçamentária de impacto. “Isso é inevitável”, disse.
Em uma conferência com autoridades financeiras em Paris, Draghi defendeu a implementação de uma união bancária que deve ser aplicada a todos os bancos para evitar fragmentação do setor. Tempos atrás, no entanto, a Alemanha defendeu que essa supervisão unificada sob a égide do BCE seja aplicada apenas aos maiores bancos do bloco.
Para conseguir uma integração mais profunda, os Estados-membros da Zona do Euro devem aceitar ceder mais soberania enquanto implementam reformas estruturais para reduzir a rigidez nos mercados de serviços e de trabalho, inclusive a França e a Itália, disse o presidente do BCE.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou o rating de crédito “AAA” de seis países do bloco em janeiro, e a Moody’s rebaixou o rating da França em uma nota este mês para “AA1”. Draghi disse que, embora os rebaixamento não tivessem um impacto imediato nos custos de empréstimo, eles eram um sinal para os governos de que devem ser levados a sério.
Espanha Para amenizar o restrito poder de compra de sua população, a Espanha anunciou que elevará as pensões estatais em 1%, para compensar o aumento dos preços este ano. “Os pensionistas que recebem menos de 1 mil euros por mês receberão, porém, uma revisão de 2%”, disse a vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Saenz de Santamaria.
De acordo com ela, uma nova lei foi aprovada para destravar o fundo de reservas do sistema de pensão estatal e amenizar as tensões de liquidez em torno dos pagamentos de pensões até o fim do ano. A ministra do Trabalho, Fatima Banez, disse que a revisão não deverá impedir a Espanha de cumprir sua meta de deficit de 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Juros baixos O Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu disseram ontem que a união bancária é fundamental para tornar o bloco economicamente mais estável. Os diretores do BCE realizam na semana que vem sua reunião mensal de política monetária, e a previsão é de que mantenham os juros baixos, em 0,75%. Economistas estão divididos sobre o comportamento dos juros europeus no ano que vem.
173 mil Número de pessoas que ficaram sem trabalho na Zona do Euro