Título: Netanyahu vira alvo
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2012, Mundo, p. 24

A menos de dois meses das eleições legislativas em Israel, a vitória do presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, nas Nações Unidas se traduziu em críticas internas ao governo de Benjamin Netanyahu. O primeiro-ministro e sua equipe foram responsabilizados por parte da mídia e por políticos israelenses pelo o que chamaram de “fracasso” diplomático. “O colapso de Israel na ONU e a humilhante derrota diplomática é o resultado de uma política liderada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Tudo começou com a sua recusa em aceitar a solução de dois Estados”, escreveu jornal israelense Haaretz.

A oposição também concentrou suas críticas ao governo. O premiê e seu partido, o direitista Likud, são os favoritos nas eleições de 22 de janeiro. “Israel perdeu com o reconhecimento na ONU todas as conquistas que obtivemos por meio da negociação”, lamentou a ex-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni. “Este é o resultado de uma política equivocada, de quatro anos de impasse político, de discursos e acusações do governo de Netanyahu, que minaram Israel e nossos interesses de segurança.”

Livni lançou durante a semana um partido centrista, Movimento, com o qual concorrerá a uma das cadeiras do Parlamento israelense (Knesset). Ela foi chanceler do governo do primeiro-ministro Ehud Olmert (2006-2009), que esta semana demonstrou apoio à demanda palestina. Em um post publicado no site Open Zion, Olmert disse não ver “razão para se opor”.

Para os jornais israelenses, mesmo os países que se abstiveram, como muitos dos europeus, mandaram uma mensagem ao Estado judeu de que a “paciência deles com a ocupação da Cisjordânia se esgotou”. Ainda de acordo com o Haaretz, o governo de Netanyahu agiu como uma “sapo em uma panela no fogão”. “Por quatro anos, a água estava morna e confortável. Mas em um momento — quinta-feira, na ONU — a água ferveu. E já era tarde demais”, afirmou a publicação, lamentando que o próximo governo deverá ser ainda mais radical. O jornal se referia a saída do atual ministro da Defesa, Ehud Barak, único de centro no governo e que anunciou sua aposentadoria na última segunda-feira. Analistas estimam que seu substituto deverá ser mais alinhado às políticas de direita de Netanyahu. A resposta de Israel