Título: Regras da sucessão
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 09/12/2012, Política, p. 2

Se Dilma Rousseff teve que assimilar a ideia de ver o PMDB no comando das duas Casas do Congresso durante a segunda metade do mandato presidencial, ela também precisou aceitar os dois nomes apresentados pelo partido para as respectivas vagas: o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

No Senado, a regra implícita, não escrita, mas acatada como consenso político, é de que a maior bancada na Casa tem a prerrogativa de indicar o presidente. Isso significa que a escolha cabe ao PMDB. Mas Renan Calheiros (AL) não era o nome preferido nem do Planalto nem de Dilma para suceder José Sarney (PMDB-AP). Ela chegou a pensar em oferecer a Renan apoio na disputa pelo governo de Alagoas, em 2014. Dilma simpatizava com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Desistiu ao perceber que um nome vindo de fora, com a chancela palaciana, teria poucas condições de prosperar na Casa. "Diferentemente da Câmara, onde os deputados adoram as bênçãos presidenciais, aqui, isso é visto como maldição", explicou um tradicional peemedebista do Senado.

Alternância No caso da Câmara dos Deputados, PT e PMDB fizeram um acordo de alternância no comando da presidência da Casa, independentemente da maior bancada. Como o atual presidente é petista — o gaúcho Marco Maia —, automaticamente o próximo presidente será do PMDB. "Eu não participei desse acordo. Mas, se ele existe, deve ser cumprido", disse a presidente Dilma, durante jantar com peemedebistas oferecido no Palácio da Alvorada, há dois meses, para alívio de Henrique Eduardo Alves. Desde então, ele intensificou a campanha para suceder o petista Marco Maia a partir de fevereiro.