Título: Disputa também pelas lideranças
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 09/12/2012, Política, p. 2

Possíveis eleições de Renan e Henrique abrem corrida para o comando do PMDB no Senado e na Câmara

O PMDB se divide na disputa pelos candidatos à presidência da Câmara e do Senado e se engalfinha no processo sucessório de Henrique Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL) nas lideranças das respectivas bancadas. Na Câmara, são pelo menos sete pré-candidatos. Na Senado, dois.

Como mostrou o Correio, sete deputados estão de olho na cadeira de Henrique Alves: Danilo Forte (CE); Eduardo Cunha (RJ); Marcelo Castro (PI); Sandro Mabel (GO); Manoel Júnior (PB); Rose de Freitas (ES); e Osmar Terra (RS). Os mais próximos ao atual líder são Eduardo Cunha e Sandro Mabel. Mas integrantes da bancada reclamam que, de olho no apoio para presidir a Casa, Henrique comprometeu-se com mais de um deles, o que dificulta um acordo.

O nome mais forte, no momento, é o do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Uma opção que não agrada ao Palácio do Planalto. Cunha é um pesadelo desde 2007, quando, queixoso da perda de prestígio em Furnas, ele atrasou no limite o relatório da CPMF na Câmara. A matéria chegou ao Senado apenas em agosto, e, com pouco tempo para negociação, acabou sendo derrubada pelos senadores, naquela que é considerada a maior derrota parlamentar do ex-presidente Lula.

Cunha é muito próximo de Henrique Alves. Em pelo menos dois momentos, o líder da bancada comprou briga com o governo para proteger seu aliado. No primeiro, criticou as demissões no setor elétrico patrocinadas por Dilma Rousseff e ameaçou levar o PMDB para a oposição. "Pode levar", afirmou o então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Alves foi obrigado a recolher as armas.

Brigou novamente para tentar emplacar Cunha como relator do novo Código de Processo Civil. A resistência foi tanta — Planalto, aliados, juristas — que, mais uma vez, o peemedebista potiguar teve que desistir do apoio. Agora, vê-se em uma situação constrangedora. "Ele sabe que Dilma não gosta de Eduardo Cunha. Não pode apoiá-lo explicitamente para não melindrar a presidente. Mas abandonar Eduardo pareceria uma traição", disse um analista político do partido.

No Senado, embora com menos candidatos a líder, a queda-de-braço também é forte. Os dois interessados são: Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Romero Jucá (PMDB-RR). Integrantes da bancada veem Eunício com mais chance. "Isso tem de ser resolvido antes da eleição para as Mesas", afirma o senador cearense. Ele tem se empenhado pessoalmente em assumir o lugar de Renan. Jucá, por seu lado, intui que é melhor esperar um momento mais apropriado. "Os movimentos de Jucá serão calculados cuidadosamente a partir dos interesses de Renan", confidenciou um aliado do líder peemedebista.