Correio braziliense, n. 20821 , 25/05/2020. Cidades, p.13/14

 

Recorde de mortes

Mariana Machado

Roberta Pinheiro

25/05/2020

 

 

Em 24h, o Distrito Federal registrou nove óbitos por coronavírus. Desde o primeiro diagnóstico da covid-19 na capital federal, 104 pessoas perderam a vida devido à doença, sendo que seis eram moradores de outros estados. No Hran, 80% dos leitos disponíveis estão ocupados

O fim de semana bateu recorde de óbitos por coronavírus no Distrito Federal, com 14 registros entre sábado e domingo. Com isso, chega a 104 o número de mortes, das quais seis são de moradores de outros estados. Nas últimas 24h, a Secretaria de Saúde contabilizou mais 390 pacientes infectados, somando o total de 6.638 casos, dos quais 3.688 pessoas se recuperaram da doença.

Por região, o Plano Piloto acumula o maior número de registros, com 673 infectados. Em seguida, está Ceilândia, com 575 ocorrências, e Samambaia, com 390. Aumenta também a escalada de casos no sistema penitenciário. O boletim epidemiológico divulgado na noite de ontem informou que 667 detentos foram diagnosticados com a covid-19.

Entre as mortes registradas ontem, a paciente mais jovem era uma mulher de 35 anos, moradora de Ceilândia, que batalhava contra um câncer. Segundo a Secretaria de Saúde, ela deu entrada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) na sexta-feira, e faleceu no mesmo dia. Já a paciente mais velha estava com 74 anos, e sofria do mal de Parkinson. Ela vivia no Guará, e estava internada desde terça-feira no Hran.

Outra moradora do Guará, uma mulher, de 45 anos, também não resistiu às complicações causadas pelo vírus. Ela era diabética, imunossuprimida, cardiopata e pneumopata. De acordo com o boletim, a paciente havia dado entrada em 15 de maio no Hospital Brasília, onde faleceu nove dias depois. Uma quarta mulher, 67 anos, porém sem comorbidades, também integra a lista divulgada ontem pela Secretaria. Moradora do Plano Piloto havia sido internada no Hospital Brasília em 13 de maio, onde faleceu, no último sábado.

O homem mais jovem da lista tinha 45 anos, era diabético, e residia em Samambaia. Ele morreu no sábado, depois de 27 dias de internação no Hospital Regional de Santa Maria. Também de Samambaia, outro óbito ontem: um idoso de 66 anos, internado no mesmo hospital, desde 4 de maio. Ele tinha diabetes, hipertensão arterial e era obeso.

Ceilândia somou mais duas mortes. A primeira aconteceu no sábado, era um homem, de 67 anos, que estava internado desde 13 de maio no Hospital Santa Marta. Ele era diabético e tinha hipertensão arterial. Ontem, faleceu a segunda vítima: o paciente tinha 70 anos, e também era hipertenso. Ele estava no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), desde 5 de fevereiro.

A nona morte contabilizada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) aconteceu na sexta-feira. O paciente, um morador de Sobradinho, de 67 anos, estava no Hran desde 13 de maio.

Capacidade

Enquanto isso, o número de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública de saúde preocupa. Funcionários do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) informaram ao Correio que estão todos ocupados na unidade, que é referência no combate à covid-19.

Em nota oficial, a Secretaria de Saúde (SES-DF) negou a informação, e disse que, dos 20 leitos disponíveis, 16 estão sendo utilizados, o que corresponde a 80% do total. “Os leitos de UTI são regulados, inclusive, os reservados para o tratamento da covid-19.” De acordo com os dados divulgados pela pasta, a rede conta com 283 leitos com suporte de ventilação mecânica, dos quais 40,28% estão ocupados. Isso corresponde a um total de 116 pacientes distribuídos em 10 unidades de saúde.

Outros 197 leitos estão no hospital de campanha montado no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Aberto na última sexta-feira para atender pessoas com diagnóstico de covid-19, recebeu, até o momento, 20 pacientes e conta com 134 profissionais de saúde efetivamente contratados.

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Atenção aos comércios

Sarah Peres

25/05/2020

 

 

Com reabertura gradual, o Distrito Federal se prepara para a volta dos estabelecimentos comerciais amanhã. Ontem, o GDF publicou, no Diário Oficial do DF, decreto alterando o horário que já havia sido estipulado anteriormente no Decreto n° 40.817, de 22 de maio. Com isso, estabelecimentos que antes poderiam funcionar 24 horas por dia, deverão cumprir o horário determinado pela licença de funcionamento.

A medida vale para supermercados, mercearias, padarias, peixarias, açougues, farmácias, clínicas e consultórios médicos, odontológicos, laboratórios e clínicas veterinárias. Lotéricas, e atividades imobiliárias, que antes poderiam funcionar apenas das 9h às 17h, poderão cumprir o horário da licença. O mesmo vale para alguns estabelecimentos que tinham autorização para operar entre 11h e 19h, como óticas, lavanderias, tinturarias e lojas de móveis.

Não houve alteração no caso de shoppings centers e centros comerciais. Eles poderão funcionar a partir de quarta-feira, das 13h às 21h, desde que cumpra regras, como fornecer equipamento de proteção individual e álcool em gel a todos os funcionários, proibir o uso de provadores de roupa e limitar a 50% a capacidade dos estacionamentos.

Na análise de Hemerson Luz, médico especialista em doenças infecciosas, a reabertura dos estabelecimentos é importante para a retomada da economia, no entanto é indispensável manter as medidas de segurança para evitar a disseminação do novo coronavirus. “A retomada de certas atividades só foi possível pela baixa taxa de letalidade do vírus no DF (1,6%) e a disponibilidade de leitos de UTI”, avalia. “Mas não podemos esquecer que continuamos em um momento sensível. Não é hora de correr para shoppings ou ir às compras porque houve a abertura desses locais.”

O médico destaca que, com o relaxamento do isolamento, é esperado um aumento dos casos e, por isso, os dados precisam ser acompanhados rigorosamente. “Haverá um crescimento, mas deve ocorrer dentro do previsto pelo governo, de forma controlada. Essas evoluções precisam ser acompanhadas, pois, se a capacidade de atendimento for ameaçada, pode ser necessário revogar decisões, e, novamente, proibir o funcionamento de certos segmentos comerciais”, explica.

Hemerson Luz frisa que os comércios devem seguir as regras estabelecidas pelo decreto. O uso de máscara é obrigatório, e o descumprimento da medida gera multa de R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 4 mil para pessoas jurídicas. “Não é porque ocorre o relaxamento do isolamento que se deve quebrar regras. Precisamos manter todas as medidas de segurança sanitária e fazermos nossa parte.” (MM)

Novos horários 

Confira como fica o funcionamento de alguns dos setores que podem retomar as atividades a partir de amanhã

Horário estabelecido pela licença de funcionamento:

• Supermercados

• Padarias

• Postos de Combustíveis e suas lojas de conveniências

• Comércio de produtos farmacêuticos

• Clínicas e consultórios médicos, odontológicos, laboratórios e farmacêuticas (fonoaudiólogos)

• Clínicas veterinárias

• Comércio atacadista

• Lojas de materiais de construção e produtos para casa, incluídos os home centers

• Agências bancárias e cooperativas de crédito

• Setor moveleiro

• Setor eletroeletrônico

• Sistema S

Funcionamento das 9h às 17h:

• Setor de serviços em geral

• Atividades gráficas

• Bancas de jornais e revistas

Funcionamento das 11h às 19h:

• Comércio varejista em geral

• Floriculturas

• Calçados

• Roupas

• Demais estabelecimentos não previstos no artigo, como livrarias

**Shoppings centers e centros comerciais ficam autorizados a funcionar das 13h às 21h, a partir de 27 de maio

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Desinfecção precisa ser rotina

Mariana Machado

25/05/2020

 

 

Com a abertura do comércio, aumenta a necessidade de limpeza dos espaços públicos. Para evitar que locais de grande circulação sejam mais propícios à transmissão da covid-19, o GDF promove higienização em várias áreas.

Entre o que se sabe a respeito da covid-19, doença que já causou a morte de quase 100 pessoas no Distrito Federal, uma coisa é clara: a transmissão ocorre por gotículas de saliva de pessoas infectadas. Esse contágio, no entanto, não acontece apenas entre humanos. Caso alguém com coronavírus tussa, toque, espirre ou fale sobre uma superfície, quem ali pôr a mão ficará sujeito a pegar a doença. Por esse motivo, é importante a desinfecção, sobretudo, de espaços públicos, onde há grande circulação de pessoas.

Com a reabertura do comércio, e a consequente diminuição do isolamento, o Governo do Distrito Federal (GDF) tem atuado na limpeza de locais como feiras, rodoviárias e estações de metrô. Para isso, foi criado o projeto Sanear, uma parceria entre a Secretaria Executiva de Cidades, e a diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde. Até o momento, todas as feiras permanentes foram higienizadas. Entre as cidades que já receberam a ação estão Planaltina, Guará, Águas Claras, Plano Piloto, Lago Sul e Park Way, e os trabalhos seguem ao longo de maio e junho.

Segundo Edgar Rodrigues, diretor de Vigilância Ambiental, depois de as equipes passarem por todas as regiões administrativas, o trabalho recomeça. Ele explica que os agentes, devidamente equipados com macacões, máscaras, luvas e botas, borrifam as áreas internas e externas dos ambientes públicos, com hipoclorito de sódio a 1%, mesmo princípio ativo da água sanitária. “Tão logo começou a se falar na covid, já estávamos preparando máquinas adaptadas similares ao fumacê”, garante. Com esse aparelho é possível desinfectar os recintos.

Além disso, caminhões-pipa fazem a lavagem de calçadas. As ações acontecem praticamente todos os dias. “Isso diminui a circulação do vírus, porque, se ele estiver impregnado em algum local, o produto o matará.” Especialistas destacam que a limpeza diária é fundamental para evitar a propagação da covid-19. Professor do departamento de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), e pneumologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB), o médico Ricardo Martins avalia que limpezas como essas feitas com as máquinas não precisam ser tão frequentes. “Para higienização de ambientes não há necessidade de grandes parafernálias. Água e sabão é suficiente, mas evidente que se puder usar produto mais forte, como o hipoclorito em quantidade mínima, ajuda.”

O simples ato de passar um pano no chão contribui para a desinfecção. “Mas, fazer isso uma vez por semana, por exemplo, é pouco. Tem que ser um hábito diário, e várias vezes, ainda mais em locais de grande circulação. Tem que fazer um protocolo a cada duas horas pelo menos”, pondera. Cuidado redobrado em ônibus e metrôs, além de objetos como maçanetas e corrimões. “Se um idoso, por exemplo, utiliza o apoio para usar as escadas, pode contrair o vírus dessa forma.”

Protocolo

Sobre uma superfície, o coronavírus pode sobreviver por até 72 horas, no caso de plásticos e aços, menos de 24 horas em papelão, e menos de quatro horas sobre objetos de cobre, segundo afirma a Organização Mundial de Saúde (OMS). Também de acordo com a OMS, práticas de desinfecção reduzem o potencial de contaminação em locais de muita circulação de pessoas, como escritórios, academias, mercados, restaurantes, transportes e escolas, mas é preciso identificar pontos em que as pessoas tocam com mais frequência. Nesse caso, atenção para maçanetas, áreas de preparo de alimentos, como bancadas, vasos sanitários, torneiras, telas touchscreen (de caixas eletrônicos, por exemplo) e teclados.

A recomendação é de que a limpeza seja feita com hipoclorito de sódio, ou álcool 70% a 90%. As superfícies devem ser primeiro higienizadas com água e sabão, para remoção de poeira, e, em seguida, é feita a desinfecção. De acordo com a OMS, deve-se começar pelas áreas mais limpas e em seguida ir para as mais sujas. Assim, evita-se espalhar qualquer contaminação para pontos que possam não ter sido infectados. Os produtos utilizados devem ser armazenados em recipientes opacos, em áreas bem ventiladas e protegidos da luz direta do sol.

Todos colaboram

A população também deve fazer parte dos cuidados, como reforça a infectologista do Hospital Santa Lúcia Marli Sartori. “Todo mundo precisa usar a máscara de tecido, e fazer isso corretamente. Não é deixar no queixo ou pendurada na orelha”, repreende. “Deve-se ter cuidado ao manuseá-la. A máscara te protege, mas se alguém tosse perto de você, ela fica infectada. Se você pega na máscara com frequência e em superfícies, pode estar espalhando o vírus e se contaminando também”, alerta.

Ela lembra da recomendação mais comentada: evitar, dentro do possível, aglomerações. “Se o espaço tiver muita gente, fique afastado. Em casa, mantenha os locais ventilados, e sempre que sair, tenha um frasco de álcool em gel na bolsa para higienizar as mãos quantas vezes puder”, pede. “As mãos são a principal fonte de infecção. Se todos tiverem cuidado sempre, vamos diminuir muito o número de infectados. A pandemia mudou os hábitos totalmente, e espero que para sempre, porque essas medidas de prevenção servem para outras doenças também.”

Frase

“As mãos são a principal fonte de infecção. Se todos tiverem cuidado sempre, vamos diminuir muito o número de infectados”

Marli Sartori, infectologista do Hospital Santa Lúcia

Cronograma

Veja onde ocorrerão as próximas ações de desinfecção em áreas públicas no DF:

26 de maio         Riacho Fundo 2

27 de maio         Riacho Fundo 1

28 de maio         SIA

29 de maio         Fercal

1º de junho        Itapoã

2 de junho          Recanto das Emas

4 de junho          Sobradinho

5 de junho          Santa Maria