Título: Grécia perto da meta
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Fonte: Correio Braziliense, 09/12/2012, Economia, p. 19
País deve concluir hoje o balanço da recompra da dívida, passo para receber ajuda externa
A Grécia está perto de alcançar a meta do plano de recompra da dívida exigida pelos credores oficiais do país como precondição para o desbloqueio de um novo pacote de auxílio financeiro, disseram ontem diversos observadores. No início do dia, a agência responsável pela dívida do país — encarregada de conduzir o processo — ainda calculava os resultados de ofertas feitas por investidores interessados em participar do negócio.
Segundo fontes internacionais, a oferta total estava próxima da meta de 30 bilhões de euros (US$ 39 bilhões). A contagem final está prevista para ser concluída durante o fim de semana. "Os resultados estão entre satisfatórios e bons", disse um alto funcionário do governo, que não quis ser identificado. "Nós não alcançamos a meta ainda, mas isso vai ocorrer."
A Grécia encerrou o período de oferta para o programa de recompra da dívida na noite de sexta-feira, duas semanas depois de os ministros das finanças da Zona do Euro chegarem a um acordo em Bruxelas sobre uma série de medidas para reduzir ainda mais os encargos da dívida do país.
A medida mais significativa é, na verdade, um plano para a Grécia usar até 10 bilhões de euros para comprar de volta bônus em circulação a cerca de um terço do seu valor, o que reduzirá a dívida total do país em 20 bilhões de euros.
Ministros da Zona do Euro e o Fundo Monetário Internacional tornaram o programa de recompra uma precondição para desbloquear a próxima parcela da ajuda à Grécia. A recompra deve ser concluída até quarta-feira, um dia antes do prazo para os ministros das finanças decidirem se darão a luz verde para a próxima parcela de ajuda.
A Agência de Gestão da Dívida Pública da Grécia está agora revendo os lances, mas uma decisão final sobre a quantidade de bônus que o governo vai realmente comprar e o valor pago pode, provavelmente, ser anunciada na segunda-feira. Os funcionários da Zona do Euro precisam avaliar o possível alívio da dívida alcançado com a operação antes de concordar em emprestar à Grécia o dinheiro de que necessita para completar o exercício.
Na sexta-feira, o ministro de finanças da Grécia, Yannis Stournaras, disse que o governo iria proteger diretores dos bancos de ações judiciais de acionistas relativas a possíveis perdas em investimentos decorrentes da participação na recompra.
Débito pulverizado
Quando um país precisa de dinheiro, emite títulos e os oferece no mercado finnanceiro. Os investidores compram esses títulos porque esperam não só ter o dinheiro investido de volta, dentro de um prazo pré-estabelecido, como também ganhar os juros prometidos. Até vencerem, os títulos podem ser negociados entre os investidores. Os valores pagos podem oscilar muito, tanto acima como abaixo do chamado "valor de face" do título. Em função do corte na dívida grega, acertado no primeiro semestre deste ano, alguns investidores privados concordaram em renunciar a parte do dinheiro emprestado ao país. Com isso, a confiança nos títulos emitidos pela Grécia caiu muito, levando para baixo também os valores pelos quais eles eram negociados.