O globo, n. 31683, 05/05/2020. País, p. 5

 

Investigações da Polícia Federal no Rio tangenciam casos Queiroz e Marielle

05/05/2020

 

 

O interesse do presidente Jair Bolsonaro na superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro chama atenção porque os dois principais casos que atingem pessoas próximas a ele não estão na alçada do órgão. No caso da “rachadinha”, seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, é investigado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) por peculato e lavagem de dinheiro em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando era deputado estadual. O suposto esquema desviava parte do salário de funcionários do gabinete e teria movimentado mais de R$ 1 milhão de reais apenas nas contas do ex-policial militar Fabrício Queiroz, assessor e motorista de Flávio, que conhece o presidente o desde a década de 1980.

Outro caso sob investigação no estado em que o presidente acabou citado foi a investigação do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, a cargo da Polícia Civil do Rio. Acusado pelo crime, o ex-sargento Ronnie Lessa era vizinho de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O presidente foi citado em depoimento do porteiro do condomínio, mas não é investigado no caso.

O que há sob responsabilidade da PF no Rio é um procedimento que apura falso testemunho do porteiro em seu depoimento. O caso está sendo relatado e deve ser concluído nos próximos dias. A tendência é que ele não seja indiciado.

Já o senador Flávio Bolsonaro era investigado num inquérito eleitoral que apurava os crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral ao declarar seus bens nas eleições de 2014, 2016 e 2018. O inquérito foi encerrado com pedido de arquivamento e enviado para o Judiciário em março.

A investigação sobre supostos crimes eleitorais de Flávio foi feita pelo delegado Erick Blatt e ocorreu durante a gestão do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo. Em fevereiro, o jornal “Folha de S.Paulo” antecipou que a PF iria concluir o caso porque não tinham sido encontrados indícios dos crimes na investigação. O GLOBO apurou que a PF concluiu o caso sem fazer quebras de sigilo fiscal e bancário.