O globo, n. 31683, 05/05/2020. País, p. 5
Presidente troca diretor da PF
Aguirre Talento
05/05/2020
Indicado e auxiliar de ramagem e deve mudar chefia no rio
ISAC NÓBREGA/DIVULGAÇÃO/PRPosse relâmpago. O ministro André Luiz Mendonça, Jair Bolsonaro e o novo diretor-geral Rolando Alexandre de Souza
Novo diretor-geral da Polícia Federal (PF) nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, Rolando Alexandre de Souza assumiu o cargo numa posse relâmpago, na manhã de ontem, e deve mudar o comando da Superintendência da PF no Rio de Janeiro. A troca no posto era um dos desejos de Bolsonaro que geraram atritos entre ele e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. A mudança na Superintendência fluminense ainda não foi oficializada, mas é dada como certa nos bastidores da corporação.
Souza ocupava o cargo de secretário de Planejamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e chega à direção-geral com o apoio de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin que teve a nomeação barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. A nomeação saiu em edição extra do Diário Oficial.
Segundo fontes da PF, Souza convidou o atual superintendente da PF do Rio, Carlos Henrique Oliveira, para ser o diretor-executivo da corporação em Brasília, segundo cargo na hierarquia da Polícia Federal. Embora seja uma promoção, a mudança foi vista com ressalvas internamente, já que o próprio presidente afirmou publicamente que tinha interesse em indicar um nome para a PF do Rio. A promoção, segundo essas fontes, seria uma tentativa de minimizar o desgaste provocado pela mudança nessa superintendência.
Bolsonaro tentou fazer essa indicação no ano passado, mas sofreu resistência interna da PF, então comandada por Maurício Valeixo, nome de confiança de Moro. Ainda não há definição de quem será o substituto de Carlos Henrique no cargo. O novo diretor-geral está começando a montar sua equipe e convidar integrantes da PF para compor os postos-chave da administração em Brasília. Em geral, as mudanças nas superintendências ocorrem em um segundo momento.
Nos bastidores da PF, o nome do delegado Alexandre Silva Saraiva volta a surgir como cotado para assumir a PF do Rio. Saraiva era a indicação que Bolsonaro tentou fazer no ano passado, mas a interferência externa provocou resistência e a nomeação não foi concretizada.
CARREIRA
O novo diretor-geral foi superintendente em Alagoas de março de 2018 até setembro do ano passado, quando deixou o posto para integrar os quadros da Abin. Souza começou a carreira na PF em Rondônia, onde conheceu Ramagem. Lá, ele atuou no setor de repressão a crimes financeiros e também foi corregedor da corporação no estado. Em Brasília, na sede da corporação, foi chefe do Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos. A passagem de Souza por diversos cargos de combate à corrupção dentro da Polícia Federal foi citado como um ponto positivo por colegas.
No Planalto e na própria PF, há uma avaliação de que ele exercerá apenas um “mandato-tampão” enquanto Bolsonaro não resolve o impasse jurídico em torno da nomeação de Ramagem. Fontes apontam que está sendo costurado um acordo para que Souza seja indicado a um cargo da da corporação no exterior em setembro, liberando a direção-geral para a posse de Ramagem.