Correio braziliense, n. 20827 , 31/05/2020. Mundo, p.14

 

UE apela aos EUA por OMS

31/05/2020

 

 

A União Europeia (UE) pediu, ontem, aos Estados Unidos, que “reconsiderem” a decisão de cortar laços com a Organização Mundial da Saúde devido à gestão da entidade na crise do novo coronavírus. “A cooperação e a solidariedade, por meio de esforços multilaterais, são os únicos meios eficazes e viáveis de vencer a batalha que o mundo trava”, afirmam, em um comunicado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell. “Pedimos aos Estados Unidos que reconsiderem a decisão.”

A gestão da OMS para a pandemia é criticada pelo governo dos Estados Unidos há várias semanas. Os comentários negativos foram seguidos pela decisão de reduzir a contribuição financeira americana à organização. Na sexta-feira, Trump anunciou o fim dos laços com a agência de saúde da ONU.

“A OMS tem de seguir em condições de comandar a resposta internacional às pandemias atuais e futuras. Para isso, a participação e o apoio de todos são necessários e indispensáveis”, afirmaram Von der Leyen e Borrell.

Desde o início da epidemia, Trump afirma que a OMS foi muito indulgente com a China. Estados Unidos, maior doador da entidade, “redistribuirá os recursos financeiros para outras necessidades de saúde pública urgentes e globais que mereçam”, declarou o presidente.

Washington, com US$ 893 milhões concedidos para o período 2018/2019, ou seja 15% do orçamento da OMS, é o maior doador da entidade, à frente da Fundação Bill e Melinda Gates, principal contribuinte privado; da Aliança para a Vacinação Gavi; do Reino Unido e da Alemanha, e com muita vantagem para a China (US$ 86 milhões).

A decisão de Trump coloca em perigo programas de saúde nos países mais pobres do mundo, alertaram especialistas. Editor da prestigiosa revista médica britânica The Lancet, Richard Horton definiu a determinação do mandatário americano de “louca e inquietante”.

A contribuição americana destina-se, essencialmente, à África e ao Oriente Médio. Quase um terço das contribuições ajuda a financiar ações de luta contra as emergências de saúde. O restante é destinado aos programas de erradicação da poliomielite, para melhorar o acesso aos serviços de saúde e à prevenção e luta contra as epidemias.