Valor econômico, v.21, n.5018, 09/06/2020. Brasil

 

Senado deve votar neste mês marco de saneamento

Renan Truffi

09/06/2020

 

 

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu marcar para o fim de junho a votação do marco legal do saneamento. A apreciação do tema deve ocorrer entre os dias 23 e 25, em sessão deliberativa remota. O anúncio foi feito ontem em reunião fechada dos líderes partidários. Diante disso, o MDB prepara emenda para vetar a privatização das empresas estaduais neste ano. Mesmo que o projeto seja aprovado, a ideia do partido seria prever a venda dos ativos somente após o fim da crise, em 2021.

A articulação está sendo feita pelo líder da legenda no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), que levou a sugestão ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), possível relator da proposta no plenário. A intenção de Braga é evitar que as especulações afetem os ativos das companhias estaduais de saneamento na bolsa de valores. "A fim de preservar a questão do ativo público que está sendo depreciado, o natural é que qualquer privatização ocorra a partir do ano que vem. Não se trata da discussão em si, o marco legal do saneamento é OK. Trata-se de preservarmos o patrimônio", defendeu ao Valor.

Conforme revelou o Valor na semana passada, a votação do marco é uma das apostas do governo para destravar investimentos em infraestrutura. Além disso, argumentam autoridades do Executivo, o setor tem impacto direto na saúde pública.

Braga era um dos senadores que vinham se opondo à votação da matéria no plenário virtual e sem a devida tramitação nas comissões, como estava previsto inicialmente. O PSD, do líder Otto Alencar (BA), também tinha posicionamento parecido. Um dos principais motivos para a oposição dessas bancadas é o receio de que a aprovação do projeto, num momento de pandemia, possa resultar na venda das companhias estaduais "a preço de banana".

O objetivo do líder do MDB é preservar, ao menos, o controle de governança das empresas durante o estado de calamidade pública. Ele aproveitou para criticar o que chamou de "pressão do capital especulativo". "O que está acontecendo é uma pressão de investidores. Boa parte disso é investimento especulativo. Temos de tomar muito cuidado com essa volatidade. Seria muito legal que o Tasso pudesse incorporar [essa emenda]. Daria uma segurança contra o capital especulativo", afirmou.

Além de MDB e PSD, o PT já demonstrou desconforto com a votação e estava entre as legendas que rejeitavam a análise do assunto neste momento.

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