Título: Falhas em Benghazi
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 20/12/2012, Mundo, p. 26

O chefe de segurança do Departamento de Estado norte-americano, Eric Boswell, e dois outros funcionários renunciaram ontem após a divulgação de um relatório independente sobre o ataque ao Consulado de Benghazi, em setembro. O incidente resultou na morte do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens. O documento aponta “falhas sistêmicas” de segurança na representação e foi entregue anteontem ao Congresso. As comissões comissões de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes e do Senado se prepara para ouvir as explicações do Departamento de Estado hoje. Os secretários adjuntos William Burns e Thomas Nides deverão prestar os esclarecimentos, já que a secretária de Estado, Hillary Clinton, continua em repouso por problemas de saúde. Integrantes da comissão independente Comitê da Revisão (ARB) recolheu dados, a pedido do governo, durante três meses sobre o ocorrido em Benghazi. O relatório critica as “falhas e deficiências dos serviços do Departamento de Estado” nesse caso e afirma que um dispositivo de segurança instalado no consulado de Benghazi foi “amplamente inadequado para enfrentar o ataque” de 11 de setembro. Segundo a investigação, oficiais em Washington ignoraram pedidos da Embaixada em Trípoli, capital líbia, por reforço na segurança do consulado. O documento foi encaminhado ao Congresso pelo próprio Departamento de Estado juntamente com uma mensagem de Hillary dizendo que os EUA enviarão centenas de fuzileiros para reforçar a segurança das sedes diplomáticas do país pelo mundo.

Críticas

O ataque em Benghazi tornou-se uma das mais importantes questões da campanha presidencial. O opositor Mitt Romney criticou a administração democrata por falhas de segurança na representação. Um dos principais alvos das críticas foi a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Susan Rice, cujo nome era cotado para o cargo no segundo mandato de Obama. Logo após o ataque ao consulado, Rice disse ter se tratado de um distúrbio desencadeado por protestos contra um polêmico filme criticando o islã. Mais tarde, o governo americano informou que, na verdade, o que ocorreu foi um ato terrorista. O relatório independente concluiu que os serviços de inteligência americanos não tinham “nenhuma informação imediata e específica”, antes do ataque, sobre qualquer ameaça contra o consulado. Na última sexta-feira, Rice desistiu de concorrer ao posto de secretária de Estado. O mais cotado para o cargo de Hillary é o senador John Kerry, presidente da Comissão de Relações Exteriores. Conforme jornais norte-americanos, sua nomeação é dada como certa. O especialista em governo da Universidade Estadual da Flórida, John Barry Ryan, disse que a escolha não elimina o telhado de vidro democrata. “Qualquer pessoa ligada ao caso deverá ser cobrada a dar explicações sobre a morte do embaixador, ainda que o partido governista detenha a maioria no Senado, responsável em dar o aval à indicação.