Título: Carro sobe mais que o imposto
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 03/01/2013, Economia, p. 9

O aumento dos preços dos automóveis devido à recomposição das alíquotas do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) — mas não só por isso —, deixou as concessionárias vazias no primeiro dia útil do ano em Brasília. Para aproveitar os preços mais baixos, os consumidores correram às concessionárias e anteciparam a compra do carro. O resultado foi uma elevação nas vendas em dezembro de até 20% em algumas lojas, em comparação com o mês anterior, caso da Foco Multimarcas, e uma retração no início do ano.

Quem esperou para adquirir o carro novo vai se surpreender com o aumento adicional dos preços, que pode chegar a 1,4% e já foi repassado pelas montadoras Volkswagen, Chevrolet e Ford aos modelos 2013. O reajuste vem junto com o retorno da alíquota do imposto que, a partir deste mês, passará de zero para 2% para carros 1.0, seguindo cronograma de elevação gradual anunciado pelo governo. O consumidor vai arcar com uma conta final até 3,4% mais salgada, depois de sete meses de benefícios concedidos às fabricantes e de muitas delas inclusive terem alcançado recorde de vendas, caso da Fiat que encerrou o ano com 3,634 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados

Mercado aquecido

O gerente comercial da Foco Multimarcas, Valério Serra, acredita que, mesmo com o aumento do IPI, as vendas continuarão em alta. Nas primeiras horas deste ano, no entanto, o número de clientes foi pequeno. “Ainda é cedo para fazer uma avaliação, mas a expectativa positiva tem que prevalecer”, enfatiza. O desconto do IPI foi responsável pelo aquecimento do comércio automotivo em 5%, no ano passado na comparação com 2011. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores no Brasil (Anfavea), 3,81 milhões de carros foram vendidos até novembro de 2012, enquanto em 2011 foram comercializados 3,2 milhões de unidades.

O diretor do Sincodiv-DF, Hélio Aveiro, avaliou que os estímulos do governo para o setor permitiram que os estoques acumulados nas concessionárias pudessem ser liberados. “Com isso tivemos um crescimento nas vendas de 6,2% de junho a dezembro, em Brasília, na comparação com o ano passado, superando nossas expectativas”, disse. Segundo ele, a retração nas vendas de veículos já era previsto. “Tivemos o período de euforia, agora, com o aumento do IPI, o mercado deve se acalmar, mas sem recuar tanto as vendas”, prevê.

O superintendente de vendas da Disbrave, Edson Neves, acredita que as vendas nos próximos três meses não serão tão fortes como no ano passado: “Hoje (ontem) vendi três carros, a média da loja é de 10 ao dia.”