Título: Sem o PT, Lacerda reassume
Autor: Fonseca, Marcelo da
Fonte: Correio Braziliense, 02/01/2013, Política, p. 4

ELEIÇÕES / Ao tomar posse para mais quatro anos no comando de Belo Horizonte, prefeito do PSB adota tom conciliador: lamenta o fim da aliança com o PT, agradece o apoio que recebeu dos tucanos Anastasia e Aécio e elogia Lula e Dilma

Depois de uma disputa eleitoral conturbada, com um rompimento inesperado dentro de sua base aliada e recebendo se­veras críticas dos principais re­presentantes do PT, o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Mar- cio Lacerda (PSB), adotou um tom conciliador ao tomar posse para o segundo mandato. Após avaliar como fundamental para sua vitória o apoio que recebeu do senador tucano Aécio Neves e do governador Antonio Anas­tasia, ambos do PSDB, o socia­lista agradeceu também ao ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à presidente Dilma Rousseff (PT) pelas parcerias firmadas com a cidade desde seu primeiro ano à frente da prefeitura, em 2009. Em meio a uma disputa política que já co­meça a se desenhar para 2014, Lacerda lembrou o ex-presi­dente Juscelino Kubitschek co­mo exemplo de político que soube conduzir sua gestão assumindo riscos e unindo ideo­logias divergentes.

No discurso de posse, o pre­feito lamentou o fim da parce­ria que possibilitou sua eleição em 2008, firmada entre PT e PSDB, mas ressaltou a colabo­ração dos que participaram de sua primeira gestão. Apesar das críticas que recebeu durante o período eleitoral por parte de lideranças petistas — em comí­cio, o ex-presidente Lula consi­derou o socialista "um tocador de obras que não sabe rir", ao pedir votos para Patrus Ananias (PT) —, Lacerda preferiu minimizar a troca de farpas na campanha. "Nas eleições vi­mos paixões políticas colocan­do em campos opostos compa­nheiros até recentemente uni­dos na prefeitura. O processo eleitoral, porém, é didático: é momento de sermos cobrados por nossas falhas e de defender acertos", avaliou.

Procurando amenizar a pro­messa de oposição dura por parte dos novos vereadores da bancada do PT na Câmara Mu­nicipal, Lacerda considerou nor­mais as divergências, mas disse acreditar que os trabalhos no Legislativo não serão baseados em questões ideológicas. "Con­tamos com muito apoio da Câ­mara na primeira gestão. Mas não tínhamos uma base clara, muitos projetos foram aprova­dos com maioria simples e sem­pre contamos com algum tipo de oposição, o que é normal na democracia", disse.

Promessas

Depois de fazer um balanço de sua primeira gestão na pre­feitura da capital mineira, Lacerda apresentou aos vereado­res empossados as suas princi­pais metas que devem ser per­seguidas até 2016. Os destaques foram para as áreas de mobili­dade urbana e de saúde pública, das quais Lacerda citou al­gumas obras em andamento e novos compromissos para o se­gundo mandato. "2012 foi o ano que o metrô saiu do papel em BH. Agora estamos lançando a consulta para discutir a parceria público-privada que fará parte dessa obra", disse. O socialista apontou também a en­trega do BRT (sistema de ônibus rápido) como uma nova opção para o transporte público e garantiu que a melhoria para o atendimento na saúde será um dos focos em sua gestão.

Sobre a nova equipe de governo, ele informou que somen­te na segunda quinzena de janeiro tratará do tema com os partidos que apoiaram sua reeleição. Segundo Lacerda, cada legenda encaminhará uma lista de nomes para compor os qua­dros da prefeitura, mas as deci­sões serão tomadas de acordo com o perfil exigido para cada cargo. "A maioria dos partidos aliados já está na prefeitura, cerca de 16. Com a saída do PT, muitos cargos já ficaram vagos e outras pessoas estão saindo. Mas são mudanças que preci­sam ser feitas com tranquilidade", disse Lacerda.