Correio braziliense, n. 20832 , 05/06/2020. Brasil, p.6
23 militares na Saúde
Bruna Lima
05/06/2020
Após a oficialização do general Eduardo Pazuello como ministro interino da Saúde, a pasta confirmou mais dois militares para ocuparem cargos de liderança no ministério. O coronel do Exército Antônio Élcio Franco Filho foi nomeado secretário-executivo e o militar Marcio Vieira da Silva assumiu a coordenação-geral de Orçamento e Finanças da Secretaria Executiva.
Com as atualizações, passou para 23 o número de militares em cargos de liderança no Ministério da Saúde. As nomeações foram publicadas no Diário Oficial, ontem; e a de Élcio Franco foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro.
O início da militarização da pasta se deu a partir da troca de equipe do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Bolsonaro passou a investir em nomes da carreira militar, estratégia que é vista como uma forma de tutelar a pasta. Para auxiliar na transição, o presidente escalou o almirante Flávio Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Logo depois, indicou o general Eduardo Pazuello ao posto de número dois da pasta, função normalmente definida pelo próprio ministro, por ser um dos principais cargos de confiança do ministério.
O único civil a ocupar uma função de destaque nos últimos meses foi justamente Nelson Teich, que foi ministro da Saúde por menos de um mês. Com o pedido de demissão do médico, causado pelas divergências de ideias com o chefe do Executivo, Pazuello ganhou força e mais tempo no cargo. Na quarta-feira, o general foi oficialmente nomeado para assumir o cargo como interino.
Qualificação
“(O Ministério da Saúde) Tem uma equipe, para deixar claro, que tem o apoio do Ministério da Defesa, um apoio temporário, que, em princípio, será só de 90 dias. São militares da ativa, são pessoas preparadas para lidar com esse tipo de crise. Neste momento, precisamos desse tipo de preparo para somar às especialidades médicas”, disse Pazuello, na última reunião com secretários estaduais e municipais.
Há um mês, a pasta da Defesa, comandada pelo general Fernando Azevedo e Silva, concedeu 17 nomes à Saúde. A militarização da pasta tem dividido opiniões entre a equipe. Enquanto alguns avaliam como sendo um ponto positivo, devido às características típicas da carreira militar, como disciplina e capacidade de ação frente a uma batalha, outros encaram a movimentação como uma forma de controle da pasta por parte de Bolsonaro, fazendo valer as interpretações políticas sobre as técnicas.