Valor econômico, v.21, n.5014, 03/06/2020. Brasil, p. A3

 

Brasil diz que vai participar do G-7 ampliado de Trump

Assis Moreira 

03/06/2020

 

 

Depois de ter sido ignorado por Donald Trump, o governo de Jair Bolsonaro sinaliza que o Brasil vai ser convidado para a reunião de cúpula do G-7 expandido que os Estados Unidos vão organizar em setembro.

No sábado, Trump anunciou a reunião das sete maiores economias industrializadas (EUA, Alemanha, França, Japão, Canadá, Reino Unido e Itália), além de convite para Rússia, Coreia do Sul, Índia e Austrália participarem no que chamou de algo como "G-10 ou G-11". Na ocasião, Trump disse: "Estou adiando porque não acho que, como G-7, represente adequadamente o que está acontecendo no mundo".

Esquecido por Trump, o governo Bolsonaro se mobilizou. Na segunda-feira à noite Bolsonaro fez um tuíte dizendo que tinha conversado à tarde por telefone com Trump e falado do G-7.

"Conversei, na tarde de hoje [segunda-feira], com o presidente @realDonaldTrump, a quem agradeci o envio de mil respiradores, sendo que 50 serão cedidos ao Paraguai", escreveu Bolsonaro. "Também conversamos sobre o G-7 expandido, o qual o Brasil deverá integrar, bem como questões do aço brasileiro."

Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também tuitou: "A entrada do Brasil num G-7 reconfigurado resulta da aliança que construímos com os EUA e do entrosamento com os outros membros do grupo. Confirma não só nossa importância econômica mas sobretudo o prestígio internacional que, com o PR JB [presidente Jair Bolsonaro], o Brasil adquiriu como defensor da liberdade."

O esquecimento de Trump sobre o Brasil tinha deixado o governo Bolsonaro numa péssima situação, representando quase um rebaixamento para a segunda divisão da governança internacional.

Em todo caso, os EUA até agora não mencionaram formalmente convite ao Brasil para o encontro para o qual Bolsonaro deverá se deslocar a Washington.

Já o telefonema de Trump ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, também na segunda-feira, foi divulgado pela Casa Branca.

Segundo o jornal americano "The New York Times", um assessor da Casa Branca informou que Trump fez o convite pessoal para Putin participar da reunião ampliada do G-7 nos EUA.

No entanto, uma presença de Putin continua a causar problemas. Canadá e Reino Unido criticaram a participação russa. A Rússia foi suspensa do então G-8 em 2014 por causa da anexação da Crimeia.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, acusou Moscou de continuar desrespeitando regras internacionais. Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, disse que o governo de Putin ainda precisa mostrar evidências de que mudou seu comportamento.