Título: Haddad, chefe dos prefeitos
Autor: Cruvinel, Tereza
Fonte: Correio Braziliense, 31/12/2012, Política, p. 2

A partir de amanhã, quando os, prefeitos eleitos dos 5.564 muni­cípios brasileiros assumem os postos, além de se preocuparem com as próprias gestões, eles co­meçam a abraçar outra missão: a de ajudar a eleger o próximo pre­sidente do país. Dilma Rousseff já começou seu alistamento e conta com capitais como São Paulo e Porto Alegre. No fim deste mês ela se reúne com os eleitos na tentati­va de atraí-los para seu exército. Alguns soldados já foram con­vocados e já sabem que trabalha­rão nos próximos dois anos para manter Dilma no poder. O gene­ral é Fernando Haddad (PT), que comanda São Paulo, a maior cida­de do país. Além da solidariedade partidária, Haddad não pode ne­gar que Dilma também trabalhou por sua eleição. A presidente sa­crificou dois ministérios — o da Pesca e Aquicultura para o PRB de Celso Russomanno, seu adversá­rio, e o da Cultura, para tirar Mar­ta Suplicy do caminho —, e esteve em dois de seus comícios. O pres­tígio não foi altruísta. Gustavo Fruet (PDT), prefeito de Curitiba, também está convo­cado. Eleito com o empenho pes­soal de Gleisi Hoffmann, minis­tra da Casa Civil — que planeja candidatar-se ao governo do estado —, deve retribuir o favor à ministra, o que também favorece a presidente que a colocou na pasta. Em Porto Alegre, apesar de ser a cidade onde vota, Duma evi­tou se envolver na disputa. Eleito, José Fortunati (PDT), amigo da presidente, faz parte do exército. No Nordeste, a única capital eleita pelo PT foi João Pessoa, com Luciano Cartaxo. Ainda as­sim, Dilma planeja ampliar a tro­pa por lá e nas demais regiões. O primeiro passo do ano para ga­rantir previamente essas alian­ças será o encontro que terá com os efeitos no próximo dia 28. "O Planalto vai dar resposta imedia­ta a esses prefeitos, dando condi­ção para eles começarem, e acre­dito que haverá um alinhamento automático com a Dilma", diz o deputado Paulo Teixeira (PT-SP)., "O governo entra em 201,3 apro­vado pela população, então acho que os prefeitos vão querer uma boa parceria com a presidente." Os adversários também colo­cam seus times em campo a par­tir de amanhã. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) pretende con­solidar sua hegemonia mineira e impedir que Mareio Lacerda (PSB), cuja candidatura apoiou, opte pelo governador Eduardo Campos (PSB), caso ele decida se candidatar. Em seu exército, também constam os tucanos Ar­thur Virgílio Neto, prefeito de Manaus, e Rui Palmeira, de Ma­ceió. Pretende ainda atrair ACM Neto (DEM), eleito em Salvador. "Temos o nome do Aécio coloca­do, um nome forte. No nosso par­tido, ele tem muitos amigos, mui­tos admiradores, dentre os quais; eu me incluo", disse Netto. O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, ainda jura que não será candidato ao comando do país em 2014, mas os aliados já conta­bilizam quem deve ser recrutado para defendê-lo em uma possível disputa. O entendimento dos correligionários é de que, além das cinco capitais e dos outros 438 municípios em que o partido elegeu prefeitos, Eduardo já tem adeptos garantidos em cidades gerenciadas por outras siglas nas 27 unidades da federação.