Título: Esperança de um PIB melhor
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 31/12/2012, Política, p. 3

Criticada pelo baixo crescimento econômico do país neste ano, Dilma aposta na recuperação do cenário internacional e em mudanças no sistema tributário para reverter a situação em 2013. Planalto critica letargia do empresariado

A presidente Dilma Rousseff espera acordar, em 2013, do pesadelo do pibinho que assombrou o país neste fim de 2012.0 crescimen­to da economia em torno de 1%, diante de um cenário interna­cional ainda em crise, mas com sinais de recuperação, foi uma péssima notícia para o governo, que entra no terceiro ano de mandato pressionado. Este é o último período que o Executivo terá paz para materializar pro­postas, já que não há eleições para nublar o ambiente. Terá, contudo, de ser rápido: quanto mais próximo de 2014, mais agudo será o discurso de suces­são presidencial. Durante café da manhã com jornalistas, a presidente admitiu que espera um PIB bem maior para esta nova fase. Somados os dois anos de governo, o ritmo da economia brasileira tem se apro­ximado dos índices verificados na era Fernando Henrique Car­doso. A equipe econômica ainda pode se agarrar no discurso de que o cenário internacional, es­pecialmente o europeu, inspira cuidados. Mas a própria presi­dente admite que os Estados Unidos e a China mostram sinais de recuperação. Internamente, Dilma e os ministros próximos têm dito que o governo já tirou da cartola todos os coelhos possíveis para a economia decolar. Ao longo de 2012, a equipe econômica desonerou impostos da folha de pagamento; prorrogou a redu­ção de tributos para estimular o consumo e a produção de bens variados como linha branca e automóveis; pressionou os ban­cos para a redução dos juros e dos custos do capital; e implan­tou, a despeito do choro de pe-tistas mais radicais, programas de concessão de portos, aero­portos, ferrovias e rodovias. Por isso, Dilma não consegue entender as razões da letargia do empresariado. "É algo muito mais psicológico do que econômico ou político. As condições estão dadas, mas o nosso setor produtivo ainda está com freio puxado. Esperamos que em 2013 esse cenário mude", afir­mou ao Correio um auxiliar pró­ximo da presidente. O Planalto considera injustas, no entanto, as comparações com o ritmo de crescimento do Brasil e dos demais países que com­põem o Brics (Rússia, índia, Chi­na e África do Sul). Segundo alia­dos do governo, cada nação pre­cisa ser equiparada consigo mes­ma, já que elas têm característi­cas próprias de legislação, inser­ção internacional e entraves para o crescimento. Expectativa Embora internamente o go­verno acredite que os números deste quarto trimestre devam apontar um início de retomada da economia, a expectativa é de que boa parte das medidas to­madas ao longo deste ano que se encerra comecem a dar fru­tos efetivos a partir do segundo semestre de 2013. "Os projetos levam um tempo para maturar", admitiu um interlocutor da presidente. As obras de concessão, por exemplo, levam tempo, espe­cialmente nos aeroportos, portos, ferrovias e rodovias. "Lançamos os projetos, tere­mos os editais e só depois as Exonerados do serviço pú­blico por atos de improbi­dade administrativa, servi­dores corruptos podem ser beneficiados pela morosidade da Justiça brasileira. Por causa da es­trutura precária do Judiciário e da infinidade de recursos que a lei admite, os réus, muitas vezes, se veem livres de punições como a devolução do dinheiro desviado aos cofres públicos e, até mesmo, a prisão. E não é pouca gente: nos obras começarão de fato a sair do papel. Mas o primeiro estí­mulo gerado pelos anúncios já serve para dar um novo alento ao setor produtivo", aposta um integrante do governo. Dilma também cobra uma presença mais firme do setor privado nos financiamentos de grandes obras. "Não podemos ficar dependentes apenas do BNDES (Banco Nacional de De­senvolvimento Social)", disse ela durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Pla­nalto, na última quinta-feira. Ela também prometeu novas mudanças no sistema tributá­rio brasileiro, reconhecendo que a carga de impostos ainda é muito elevada. "O Brasil precisa de uma estrutura tributária mais racional para ter essas condições de competição internacional, completou. As novas mudanças devem fi­car no PIS/Cofins. Mas ela apren­deu que não adianta mandar uma reforma tributária ampla, pois ela tende a se perder pelos corredo­res do Congresso. "É melhor fazer pequenas mudanças para depois fecharmos o conjunto em um grande mosaico" declarou.