Título: Câmara homenageia 100 anos de Gonzagão
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 14/12/2012, Política, p. 6

Homenageado por todo o país na dia em que completaria 100 anos, o cantor, sanfoneiro e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento foi lembrado ontem, também, pela Câmara dos Deputados. Em uma sessão solene no plenário da Casa, o Rei do Baião foi reverenciado como "genial instrumentista e compositor sofisticado, criador de melodias e harmonias que inovaram a música brasileira", como destacou a deputada Luiza Erundina (PSB-SP).

Apesar de tratar-se do maior nome da música popular nordestina, a homenagem não contemplou a sanfona, instrumento que Gonzagão tocava e símbolo do baião e do forró. A música dele foi lembrada na voz do Coral da Câmara, que interpretou alguns dos mais conhecidos sucessos do pernambucano, como ABC do Sertão e Riacho do Navio. Em seguida, os parlamentares lançaram mão de argumentos poéticos para falar do artista. "Ele cantou o Nordeste sob todos os aspectos, sem de nada esquecer, e só morreu depois de transformar em música o último grão de inspiração que lhe restara no coração nordestino", comentou o terceiro secretário da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE).

Asa Branca Luiz Gonzaga nasceu em 13 de dezembro de 1912, em Exu, no sertão de Pernambuco, e morreu em 2 de agosto de 1989. Sob a influência do pai, Januário, aprendeu a tocar sanfona e levou os ritmos e a cultura nordestinos para o restante do país. A canção Asa Branca, que fala da fuga do povo do Nordeste para longe da seca, tema frequente em seu repertório, virou uma espécie de hino dos retirantes. "Quis o destino que o ano do centenário de Gonzagão fosse o ano da pior seca que o Ceará já enfrentou na sua história", lamentou o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE).

Na sessão solene, o deputado Luiz Argôlo (PP-BA) relatou ter sido apadrinhado pelo Rei do Baião, que cantava na fazenda do pai dele no momento de seu nascimento. O parlamentar também destacou o lançamento de um selo dos Correios com a imagem do ídolo e contou que vai inaugurar neste fim de semana um museu na Bahia com objetos que foram de Gonzagão, como um gibão de couro, sanfonas e cartas. "Falar de Gonzaga é falar do que temos de melhor no Brasil, pois ele traduziu o indescritível, levou sua alma, sua dor, sua alegria e sua esperança para todas as casas do Nordeste", comentou.