Correio braziliense, n. 20839 , 12/06/2020. Mundo, p.11

 

O Brasil na lista de espera

12/06/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Europa prepara-se para reabrir as fronteiras externas a partir de 1º de julho, com regras para impedir a entrada de passageiros de países com pandemia de covid-19 descontrolada. Por esses critérios, a visita de brasileiros ao continente terá que ser adiada 

Com a flexibilização gradativa das medidas de isolamento social, que avançam à medida em que os casos de contágio do novo coronavírus diminuem, os países da União Europeia (UE) preveem a reabertura de suas fronteiras externas para 1º de julho. Uma série de exigências será estabelecida para a entrada de viajantes. Os viajantes que vivem em locais onde a pandemia da covid-19 não esteja controlada, por exemplo, terão a entrada vetada. Pelos critérios que deverão ser adotados, os brasileiros, provavelmente, não poderão visitar o continente.

Ontem, a Comissão Europeia (CE) divulgou um documento em que prevê uma série de regras para autorizar ou impedir a entrada de viajantes do exterior.  Entre eles, estão o número de novas infecções, a tendência de a epidemia crescer ou ser controlada, além da análise das políticas dos governos para combater a disseminação do Sars-CoV-2, como realização de testes na população, rastreamento de contatos e medidas de prevenção de contágio.

De acordo com dados oficiais divulgados, ontem à tarde, pelo Ministério da Saúde, com 802.800 pessoas infectadas, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos no total de casos. Pelo balanço mais recente, houve 1.239 mortes em 24 horas, elevando o número de óbitos a mais de 40.900 — o terceiro maior no mundo, com possibilidade de ultrapassar o Reino Unido  hoje.

A lista de países que terão entrada permitida na Europa começou a ser elaborada, ontem, com base no documento oficial que estabelece as diretrizes para a liberação. Na prática, residentes no território brasileiro, que têm o ingresso vetado nos Estados Unidos por conta da covid, serão impedidos de entrar na Europa até que a disseminação da doença esteja sob controle. As fronteiras europeias estão fechadas desde 17 de março.

Pelo comunicado da Comissão Europeia, a situação da pandemia de cada nação será o principal critério de decisão sobre quem terá acesso ao território europeu, e a lista será produzida aos poucos. A restrição à entrada de não europeus, que expira no dia 15, será prorrogada até 30 de junho.

“Como a situação da saúde em certos países permanece crítica, a Comissão não propõe um levantamento geral da restrição de viagens nessa fase. A restrição deve ser levantada para os países selecionados com base em um conjunto de princípios e critérios objetivos”, disse a comissária para Assuntos Internos, Ylva Johansson.

No mesmo documento, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros que revoguem as restrições de viagens para todos os países do bloco e aos que aderiram ao Tratado de Schengen (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) a partir de 15 de junho. A decisão leva em conta se houve melhora geral da situação epidemiológica.

Para os países que permanecerão na lista de restrições, a CE propõe uma ampliação gradual por categorias de viajantes, incluindo por exemplo, uma liberação para estudantes internacionais. Bruxelas ainda propõe a criação de uma lista detalhada de todos os requisitos para facilitar que os Estados-membros tenham posturas iguais nessa retomada. “É recomendado que seja feito de maneira coordenada e que sejam aplicadas, de maneira uniforme, em todo o território da União”, disse Johansson.