Correio braziliense, n. 20839 , 12/06/2020. Saúde, p.12

 

Mulher que teve covid recebe transplante duplo de pulmão

12/06/2020

 

 

Uma mulher que sofreu uma série de danos provocados pela covid-19 nos pulmões foi submetida a um transplante duplo do órgão com sucesso. A informação foi divulgada ontem pelo Hospital Northwestern de Chicago, encarregado pelo procedimento. A operação é um evento raro. Só havia sido feita anteriormente por cientistas chineses, em março, em uma paciente de 66 anos.

O caso atual é de uma hispânica, com cerca de 20 anos, que não apresentava problemas pulmonares antes de ser infectada pelo novo coronavírus. Segundo o hospital americano, a transplantada apresentou um quadro tão grave de complicações que precisou ficar seis semanas na unidade de terapia intensiva (UTI).

Segundo a chefe de cirurgia torácica do hospital, um transplante de pulmão era a única chance de sobrevivência da jovem paciente. “Por vários dias, ela foi a pessoa mais doente da UTI e, possivelmente, de todo o hospital”, completou Beth Malsin, médica especialista em pulmão.

Os responsáveis pela cirurgia informaram que a paciente precisou ser intubada com um respirador artificial e conectada a uma máquina de oxigenação por membrana extracorpórea, chamada (ECMO), que substitui o coração e os pulmões para oxigenar e circular o sangue no corpo.

Foi necessário aguardar que ela testasse negativo para a covid-19 antes de realizar o transplante. “Houve tantas vezes, dia e noite, que nossa equipe teve que reagir rapidamente, ajudá-la a oxigenar e apoiar seus outros órgãos para garantir que eles estivessem saudáveis o suficiente para um transplante se e quando a oportunidade surgisse. Um dos momentos mais emocionantes foi quando o primeiro teste de covid-19 deu negativo”, contou Malsin ao site da Universidade de Northwestern.

Fila pequena

O hospital americano informou que tem um dos tempos de espera mais curtos no país na fila de transplante de pulmões. Depois que o nome de um paciente é adicionado, leva, em média, 30 dias para encontrar uma correspondência — a média nacional e de três meses. “O fato de termos conseguido transplantar essa paciente com rapidez e segurança é uma prova da infraestrutura e do conhecimento de nossas equipes de atendimento clínico e de pesquisa”, declarou o pneumologista Rade Tomic, um dos médicos envolvidos na cirurgia.

Apesar do bom resultado, a equipe ressaltou que a paciente segue sob cuidados médicos. “Embora essa jovem ainda tenha um longo e potencialmente arriscado caminho de recuperação, dada a doença que ela teve com disfunção de múltiplos órgãos nas semanas anteriores ao transplante, esperamos que ela faça uma recuperação completa”, frisou Tomic.