Correio braziliense, n. 20840 , 13/06/2020. Brasil, p.10

 

Brasil é o 2º do mundo em mortes pela covid

Bruna Lima

Maria Eduarda Cardim

13/06/2020

 

 

Apesar de em 24 horas ter havido menos de mil mortes, em números absolutos são 41.828 vidas perdidas na pandemia do novo coronavírus, ultrapassando o total verificado no Reino Unido. EUA ainda é o país que apresenta a maior quantidade de óbitos

Mesmo registrando menos de mil mortes pela primeira vez após três dias consecutivos, o Brasil ultrapassou o número total de vidas perdidas no Reino Unido e se tornou o segundo país do mundo com mais óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. Com mais 909 óbitos registrados em 24 horas, atingiu a marca de 41.828 mortes –– contra 41.566 da Grã-Bretanha e 113.820 nos EUA. Há semanas, o Brasil também ocupa a segunda posição em total de casos: são 828.810, após o aumento de 25.982 registrado de quinta-feira para ontem. Em fase de ascensão da curva e início de interiorização dos casos, as estimativas são as piores.

Há semanas, o Brasil lidera o ranking mundial em atualização diária de casos e óbitos. Ainda com menores elevações depois do feriado — que, quando próximo dos fins de semana, tem histórico de registro inferior aos dias úteis —, os números brasileiros deixaram para trás Estados Unidos e Reino Unido.

De acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins, o acréscimo de vítimas fatais nos EUA nas últimas 24 horas foi 796, enquanto no balanço britânico houve mais 202 novas mortes, somando 41.566 mortes pela covid-19 até o momento. Em termos absolutos, o Brasil ultrapassou a marca britânica e perde, tanto em relação ao número de óbitos quanto ao número de casos, somente para os Estados Unidos, com 113.820 mortes e 2.039.468 casos.

Quando relaciona a quantidade de perdas de vidas em relação à população total do país, o Brasil não supera os números das outras cinco nações com mais mortes. Pelos dados recolhidos pelo site de estatística Our World in Data, o Reino Unido é o local onde, proporcionalmente, o novo coronavírus foi mais grave, mesmo já tendo sido ultrapassado em relação aos números absolutos.

Na Grã-Bretanha, são 608 mortos a cada milhão de habitantes, número seguido em ordem decrescente pela Espanha (580 por milhão), Itália (565 por milhão), França (449 por milhão) e EUA (343 por milhão) –– o Brasil tem 192/milhão de pessoas. Só que, com a média de acréscimo de mil vítimas fatais por dia, a situação brasileira se agrava com velocidade, ao ponto de, em uma semana, ser percebido um aumento de mais de 30 pessoas mortas por milhão.

Oito estados concentram 84,3% dos óbitos brasileiros e ultrapassaram a marca de mil mortes: São Paulo encabeça essa lista, com 10.368; Rio de Janeiro vem logo depois, com 7.417. Na sequência vêm: Ceará (4.788), Pará (4.132), Pernambuco (3.694), Amazonas (2.429), Maranhão (1.399) e Bahia (1.039) –– juntos, esses estados somam 35.266 vidas perdidas.

Enfermeiros
O Ministério da Saúde destacou, ainda, que dos 432.668 profissionais de saúde que foram testados, 83.118 se infectaram com o novo coronavírus e outros 169 morreram por causa da covid-19. Os dados apresentados são referentes ao período de 1º de março a 1º de junho. A pasta promete atualizar estes dados na nova plataforma lançada ontem.

"Na distribuição, os profissionais da enfermagem quantificam o número em que foi registrado a maioria dos óbitos. 25% da mortes são referentes aos profissionais de enfermagem", explicou a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro. Conforme disse, o ministério intensificará a oferta de Equipamentos de Proteção Individual para todos os estados e também a oferta de cursos para o uso adequado dos EPIs.

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Presidente veta poderes para síndico

Augusto Fernandes

Ingrid Soraes

13/06/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei aprovado que cria um regime jurídico emergencial no período da pandemia. Mas uma das medidas barradas foi a que concedia a síndicos o poder de proibir festas e restringir o acesso às áreas comuns dentro dos condomínios. O veto foi contestado por entidades que representam condomínios e por especialistas.

Presidente da União dos Condomínios Horizontais e Associações de Moradores do DF, Júnia Bittencourt teme que o veto seja interpretado equivocadamente.

"Se permitirmos aglomeração, pessoas de fora do condomínio podem entrar e contribuir para disseminação", disse.

O presidente da Associação dos Síndicos de Condomínios do DF, Emerson Tormann, acrescentou que o artigo 1.348 do Código Civil prevê que os síndicos são os responsáveis pelos moradores de um condomínio e pela segurança do local.

"O síndico é, sim, responsável pela segurança dos moradores. Caso algum deles venha a ser infectado ou acabe perdendo a vida pela doença porque houve um relaxamento da restrição de acesso ao conjunto habitacional, pode ser questionado", explicou.

Para especialistas, vetar a ampliação dos poderes dos síndicos foi um acerto. O advogado Marcos Roberto de Moraes, especialista em direito empresarial, acredita que o governo "procurou prestigiar o direito de propriedade, a liberdade e o direito de autodeterminação das pessoas".

O advogado Rodrigo Veiga, especialista em processo civil, destacou que as convenções dos condomínios e as assembleias gerais deliberam sobre questões como a restrição a áreas comuns. Nesse sentido, ele também concordou com o veto de Bolsonaro.