Título: Nas mãos de São Eike
Autor: Temóteo, Antônio
Fonte: Correio Braziliense, 09/01/2013, Economia, p. 9

No mesmo dia em que a Receita Federal cobrou R$ 3,8 bilhões em impostos atrasados da MMX, mineradora do multimilionário Eike Batista (leia matéria na página 12), o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, jogou no colo do empresário a salvação para o sistema elétrico brasileiro. Segundo ele, a entrada em operação de termelétricas do grupo EBX até março vai adicionar 1,4 mil MW de capacidade às usinas localizadas no Nordeste (Pecém I e II, Maranhão e Itaqui).

Num esforço concentrado do governo para afastar o risco de racionamento, Tolmasquim disse que, incluindo a ajuda de Eike, a EPE prevê a entrada de 2,5 mil megawatts (MW) no sistema ao longo de 2013 por meio de novos projetos térmicos, além de linhas de transmissão e usinas já programadas, com a de Uruguaiana, com capacidade de 640 MW. Com isso, acredita o executivo, não há possibilidade de o governo decretar um processo compulsório de economia de energia no país, como ocorreu em 2001.

Mas, diante das incertezas quanto à capacidade de o país evitar a crise de abastecimento que se avizinha, as atenções se voltam para o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE), que se reunirá hoje à tarde para avaliar a situação das hidrelétricas.

Apesar do quadro alarmante, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, assegurou que não haverá racionamento “em nenhuma hipótese. Quanto ao uso de todas as termelétricas, com energia cinco vezes mais cara que a das hidrelétricas, para complementar o sistema interligado, ele foi irônico. “Já era previsto que essas usinas operassem. Ou acham que as contrataríamos apenas para ficar decorando uma região?”, disse.