Título: Tudo contra o desabastecimento
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Fonte: Correio Braziliense, 09/01/2013, Economia, p. 10

O risco concreto de desabastecimento interno fez a Petrobras acelerar as importações de petróleo e de gasolina. A companhia está refinando o produto em uma proporção muito maior do que a que pode produzir. Isso ocorre para que a empresa consiga garantir o consumo crescente de combustíveis no país. A estatal informou ontem que atingiu um recorde de refino do óleo em 1º de janeiro, processando 2,111 milhões de barris ao dia. O volume é superior ao total produzido no país pela companhia durante os últimos meses. Em novembro, a extração média diária de óleo foi de 1,98 milhão de barris. Segundo a empresa, a marca vai diminuir a importação de derivados, como combustíveis.

As importações de gasolina estão causando prejuízos à empresa, que compra a preços internacionais, mas vende no mercado interno a valores regulados pelo governo federal, controlador da estatal. Os repasses dos aumentos não são feitos como forma de segurar a inflação. De acordo com a corretora Planner, em relatório divulgado ontem, a Petrobras deixou de ganhar, por vender mais barato no mercado nacional o combustível produzido em suas refinarias, algo em torno de R$ 18 bilhões nos primeiros nove meses de 2012. Os prejuízos com a importação de diesel e gasolina chegaram a R$ 2,9 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.

“A Petrobras está importando cargas de petróleo leve cada vez maiores para suas refinarias. A autossuficiência tão festejada só aconteceu em 2009”, disse o especialista em energia e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, em entrevista à Reuters. A companhia sempre importou petróleo leve e exportou parte do óleo pesado produzido no Brasil. Mas, segundo Pires, a balança comercial da Petrobras está deficitária desde 2010.

Conforme a Petrobras, o recorde de processamento de petróleo no país contribui para a redução da importação de derivados. Mas a importação de gasolina é substituída pela compra de petróleo bruto, matéria-prima das refinarias. A estatal disse que os investimentos feitos no aumento da eficiência operacional das refinarias e o trabalho integrado da empresa também contribuíram para a marca alcançada em 1º de janeiro. O recorde anterior de refino havia sido obtido em 12 de agosto de 2012, quando foi processado volume cerca de 10 mil barris/dia inferior à marca do primeiro dia deste ano.

Prejuízos

A Petrobras está perdendo dinheiro também com a importação de gás natural liquefeito (GNL) para abastecer as usinas termelétricas flexíveis, que são acionadas em períodos secos. O prejuízo chega a R$ 240 milhões por mês e deve durar até março, quando os reservatórios voltam aos níveis normais e as hidrelétricas passam a funcionar com capacidade máxima.