Correio braziliense, n. 20846 , 19/06/2020. Brasil, p.7

 

Mais de 1,2 mil mortes pelo 30 dia consecutivo

Bruna Lima

Maria Eduarda Cardim

19/06/2020

 

 

Pais registra 1.238 óbitos por covid-19 em 24 horas, totalizando 47.748. Prestes a completar um milhão de casos confirmados, Ministério da Saúde afirma que estabilização da doença ”parece ser realidade"; especialistas preveem instabilidade

um passo de confirmar um milhão de infectados pelo novo corona vírus e mantendo registros de mais de 1,2 mil mortos pelo terceiro dia seguido, o Brasil entra em um novo patamar do enfrentamento da doença, com a provável estabilização da curva. A avaliação foi feita pelo corpo técnico do Ministério da Saúde, ontem, que anunciou, ainda, a contabilização de mais 22.765 casos confirmados e 1.238 óbitos pela covid nas últimas 211 horas. Com isso, o Brasil soma 978.142 diagnósticos positivos e 47.748 fatalidades.

 São Paulo detém o maior número de mortes, acumulando 11.846. Outros oito estados ultrapassaram a marca de mil óbitos cada. São eles: Rio de Janeiro (8.412), Ceará (5.377), Pará (4.395), Pernambuco (4.057), Amazonas (2.605), Maranhão (1.607), Bahia (1.263) e Espírito Santo (1.217). Juntos, as nove unidades federativas somam 40.779 mortos, ou seja, 85,4% de todas as fatalidades. Secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia foi o responsável pelo anúncio, ao apresentar o boletim epidemiológico da pandemia. “Ao olhar a inclinação da curva de novos casos de covíd por semana epidemiológica no Brasil, você verifica que nós estamos entrando em um platô, que a inclinação da curva se encaminha para uma estabilidade”, afirmou.

Monitoramento

Arnaldo destacou que o mesmo ocorre com a curva dos óbitos registrados pelo novo corona vírus no país. Apesar da estabilidade notada, porém, o secretário ressaltou que é preciso confirmar se essa tendência permanecerá nos próximos 15 dias. “Precisamos acompanhar os novos dados e a evolução nos estados e no país como um todo”. Segundo O secretário, a estabilização pode ser notada em todas as regiões do Brasil.

 A análise epidemiológica feita pelo Ministério da Saúde converge com a avaliação feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na quarta-feira, o diretor do programa de emergências do órgão, Michael Ryan, disse que o Brasil já apresenta sinais de que o surgimento de novos casos e mortes começa a frear. Segundo ele, o aumento “não é tão exponencial como era anteriormente”. “Existem alguns sinais de que a situação está se estabilizando. “Ao ser questionado pelo Correio sobre a declaração da OMS, e secretário de Vigilância em Saúde disse estar “feliz” com a concordância das análises. “Isso mostra que, efetivamente, este governo e o Ministério da Saúde têm uma total transparência com seus dados, que coadunam com a análise epidemiológica feita pelo diretor da OMS”, completou.

Apesar de pontuar a estabilização, Michael Ryan ponderou que a situação brasileira ainda é bastante grave, principalmente em relação ao desgaste dos profissionais de saúde em atender à alta demanda. Além disso, a doença ainda pode voltar a crescer. “Já vimos isso antes em outras epidemias, em outros países. Você pode ver um sinal de estabilização em um dia ou dois e depois a doença pode decolar novamente”, alertou. Virologista da Dasa, empresa de diagnóstico do grupo do laboratório Exame, José Eduardo Levi acredita que a estabilização não se manterá. “Acho que veremos uma subida daqui a 10,15 dias, por conta da flexibilização do isolamento”, afirma. Levi percebe o crescimento mais brando de casos e óbitos, mas ressalta que os números estão estabilizados em um “alto patamar”. “Estamos fazendo uma flexibilização em um momento ainda muito alto de circulação do vírus, quando registramos 1,2 mil mortes por dia. Ninguém fez flexibilização nesse patamar”, aponta o especialista.