Título: Apagões, apesar das melhorias
Autor: Abreu, Roberta
Fonte: Correio Braziliense, 29/12/2012, Cidades, p. 22

As falhas no sistema devem acontecer pelo menos até maio do ano que vem. Ontem, a Companhia Energética de Brasília inaugurou mais uma linha de distribuição para diminuir os transtornos de 680 mil consumidores de diferentes regiões administrativas

Para diminuir os transtornos causados pelos constantes apagões registrados no Distrito Federal, a Companhia Energética de Brasília (CEB) vem investindo na recuperação e no aperfeiçoamento do sistema de distribuição de energia. Somente este ano, a verba aplicada no setor soma cerca de R$ 160 milhões. Duas subestações, no Riacho Fundo e no Gama, e uma linha de distribuição (LD), de Samambaia ao Riacho Fundo, já estão em funcionamento. Ontem, uma nova LD foi inaugurada pela companhia, em cerimônia promovida às margens da BR-040, no trevo que liga Brasília, Santa Maria, Marinha e Taguatinga, com a presença do governador em exercício, Tadeu Filippelli. Com 41km de extensão, ela interliga as subestações de Santa Maria e do Mangueiral, em modelo de anel.

Apesar de o novo sistema oferecer uma alternativa em casos de queda de energia, o presidente da CEB, Rubem Fonseca, explica que os apagões não vão acabar. No entanto, ele garante que haverá um retorno da energia mais rápido. “As novas subestações vão dar flexibilidade para as operações da CEB e maior conforto para a população”, diz. Segundo ele, de janeiro a maio do próximo ano, outras seis subestações e cinco linhas de distribuição serão inauguradas. “Dessa forma, o sistema capenga e envelhecido começa a ter maior robustez. A partir de maio e junho, a população vai sentir essa robustez”, garante.

As falhas no sistema elétrico acontecem com mais frequência nos períodos chuvosos porque a maior parte da rede é aérea, segundo os técnicos da companhia. Outro problema é a forma de distribuição — radial. Ou seja, a energia chega às regiões administrativas somente por um ponto. O novo modelo adotado, em forma de anel, vai oferecer duas linhas de transmissão. “Na falta de uma delas, a energia continua sendo distribuída, o que hoje não acontece”, explica o diretor de Engenharia da CEB, Mauro Martinelli.

Ele garante que tais obras evitariam o transtorno enfrentado durante o apagão que deixou 70% do Distrito Federal sem luz por seis horas, em 4 de outubro (veja Memória). “A Subestação de Samambaia (Furnas) foi desligada. Hoje, mesmo com o problema nessa subestação, a Área Central de Brasília poderia manter a energia por meio de Corumbá 3 e 4 porque tem outro caminho, uma alternativa técnica”, explica.

Para a obra inaugurada ontem, o investimento chegou a R$ 10,5 milhões. No total, 198 torres, com 27 metros de altura e com 15 toneladas cada uma, conduzem a linha aérea. Mauro Martinelli ressalta que a nova linha é estratégica para o DF porque interliga as usinas de Corumbá 3 e 4, além das subestações de Samambaia e Brasília Sul, ambas de propriedade de Furnas. “Vai gerar grande confiabilidade ao DF como um todo. Ela vai beneficiar moradores das regiões do Gama, de Santa Maria, de São Sebastião, da Área Central de Brasília e dos lagos Norte e Sul. São 170 mil unidades consumidoras, cerca de 680 mil pessoas privilegiadas”, completou. Funcionando há uma semana para testes, o sistema já apresenta resultados positivos, segundo Martinelli.

Às escuras Em alguns pontos, basta uma chuva para que as famílias já se preparem para uma possível falta de energia elétrica. Na noite da última quinta-feira, um temporal com granizo voltou a deixar a população sem luz. Os moradores das QLs 10 a 20 do Lago Sul e da região do Grande Colorado ficaram prejudicados. Também ontem falhas atingiram parte do Riacho Fundo 2 e do Recanto das Emas, nas quadras 601 a 604 e 801 a 804.

O tradutor Irae Sassi, 61 anos, que mora no Condomínio Palmas do Lago Oeste, às margens da DF-001, ficou 27 horas às escuras. Sassi diz que, desde que se mudou para a região, há sete anos, ele e a família sofrem com as quedas de energia frequentes. Irae se queixa ainda da falta de comunicação com a CEB. “Nesse último problema, que durou das 15h de quarta-feira até as 18h de quinta, esperamos um pouco antes de ligar para a CEB, como normalmente fazemos, para ver se voltava. Como não aconteceu, entramos em contato duas horas depois, mas até a manhã do dia seguinte, não me deram uma resposta”, lamentou.

Memória

4 de outubro de 2012 Um apagão em toda a Região Centro-Sul atingiu 70% do DF por até seis horas. A queda causou tumulto, principalmente no metrô. Foi provocada por uma pane em um dos transformadores de Furnas que deixou aproximadamente 616 mil estabelecimentos (entre comerciais e residenciais) sem energia.

19 de outubro Cerca de 400 mil pessoas foram privadas de energia durante a tarde. O primeiro apagão começou às 14h30 e foi até as 15h20. Atingiu Águas Claras, Riacho Fundo 2, Santa Maria e Recanto das Emas. Imediatamente depois, Asa Norte, lagos Sul e Norte, Sobradinho e Planaltina também enfrentaram o problema, até as 15h50, quando a energia foi restabelecida totalmente no Distrito Federal. A falta de luz também afetou as linhas do metrô, que foi fechado das 14h30 às 15h e das 15h45 às 16h45.

23 de outubro Moradores de Águas Claras e do Park Way ficaram no escuro por 17 minutos e duas horas e meia, respectivamente. Segundo o Inmet, uma forte chuva pode ter causado os apagões.

1º de novembro Os moradores do Lago Sul ficaram no escuro por mais de 10 horas. De acordo com a CEB, o motivo da queda de energia elétrica foi causado pela forte chuva.