Valor econômico, v.21, n.5029, 25/06/2020. Política, p. A12

 

Ex-presidentes resistem em se unir em ato contra Bolsonaro

Cristiane Agostine

25/06/2020

 

 

A proposta de transformar um ato em defesa da democracia nesta sexta-feira em um novo "Diretas Já" não prosperou entre os ex-presidentes da República. O movimento "Direitos Já" organiza um evento virtual com 100 lideranças de partidos como PT, Psol, DEM, PSDB e MDB, personalidades e grupos da sociedade civil, mas cinco dos seis ex-presidentes não devem participar. Michel Temer e José Sarney recusaram o convite por discordarem do "Fora, Bolsonaro", uma das bandeiras que devem marcar o ato. Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff não aceitaram dividir o palco virtual com políticos que apoiaram o impeachment da ex-presidente.

Fernando Collor de Mello não participará. O ex-presidente disse não ter sido convidado, mas a organização do evento afirmou que o convite foi feito mas que não recebeu resposta O único ex-presidente que aceitou foi Fernando Henrique Cardoso.

Temer chegou a gravar e enviar um vídeo com dois minutos, no qual falava sobre o combate à pandemia e a retomada da economia no pós-covid-19, mas se arrependeu. O ex-presidente pediu para os organizadores do evento para não exibirem o depoimento e não anunciarem mais sua participação. Segundo uma pessoa próxima ao ex-presidente, Temer não quer se associar à defesa do impeachment de Jair Bolsonaro nem a críticas ao governo. Sarney também não quer se vincular ao "Fora, Bolsonaro" e defende a "pacificação", de acordo com um interlocutor do ex-presidente.

O palco virtual deve reunir o apresentador Luciano Huck, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) - todos cotados como possíveis candidatos à Presidência em 2022.

Para as quatro horas de transmissão ao vivo pela internet, na noite de sexta-feira, foram anunciadas também as participações dos ex-candidatos à Presidência Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (Psol) e Geraldo Alckmin (PSDB); dos governadores Paulo Câmara (PSB-PE) e Eduardo Leite (PSDB-RS); do ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM), dos deputados Marcelo Ramos (PL-AM), Raul Henry (MDB-PE), Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), Alexandre Padilha (PT-SP) e de presidentes nacionais de partidos, como Bruno Araújo (PSDB) e Renata Abreu (Podemos), entre outros.

Em uma tentativa de unir os movimentos articulados por grupos da sociedade civil em defesa da democracia e contra Bolsonaro, também devem participar representantes do "Estamos Juntos", "Somos 70%", "Pacto pela Democracia" e "Somos Democracia". Esses grupos têm articulado manifestos em defesa dos valores democráticos e protestos na rua contra Bolsonaro.