O Estado de São Paulo, n.46232, 16/05/2020. Política, p.A11

 

Presidente diz que vai à TV contra isolamento

Tânia Monteiro

16/05/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro pretende fazer hoje um novo pronunciamento em rede nacional de TV e rádio para defender mais uma vez o fim de medidas de isolamento social. Segundo apurou o Estadão,a intenção do presidente é pregar um "cavalo de pau" nas atuais determinações de Estados e municípios, citando que já incluiu uma série de atividades na lista de serviços essenciais, o que permite o funcionamento mesmo durante a pandemia do coronavírus.

A intenção de fazer o novo pronunciamento – o sexto desde o início da crise – foi revelada pelo presidente na quinta-feira, durante videoconferência com empresários no Palácio do Planalto. "Nós temos que ter mais do que comercial de esperança, transmitir a confiança. Tanto é que vamos ter um pronunciamento gravado para sábado à noite nessa linha", disse o presidente na ocasião.

O presidente defende uma abertura geral de estabelecimentos e o chamado "isolamento vertical" – que vale apenas para idosos e doentes. Contra as medidas de restrição adotadas por governadores e prefeitos, Bolsonaro tem argumentado que o fechamento do comércio trará o "caos" e a "fome" para a população que está sem renda.

O pronunciamento ainda não havia sido gravado até a noite de ontem, o que só deve ocorrer neste sábado. Em sua última mensagem em rede nacional, Bolsonaro já havia pedido a volta ao trabalho e responsabilizado governadores por medidas de distanciamento social.

Segundo o próprio presidente, esse pronunciamento deverá passar pela revisão do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Pedi ao Paulo Guedes que já comece a revisar o que eu vou falar para gente dar mensagem logicamente objetiva, voltada para a vida, voltada para a economia, para nós sairmos da situação em que nos encontramos", disse.

Ao falar a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada ontem, Bolsonaro disse que está fazendo "o que pode". "A lei me deu o direito de escolher as atividades essenciais. O resto, que não é essencial, é a cargo de governadores e prefeitos", disse.

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Panelaços ocorrem em quatro capitais

16/05/2020

 

 

O anúncio da demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde foi seguido por panelaços em ao menos quatro capitais ontem. Moradores de São Paulo, Rio, Brasília e Recife fizeram manifestações por volta das 12h, quando os sites publicaram que o ministro deixaria o governo. Houve novos protestos por volta das 16h, quando Teich fez um pronunciamento.

Na capital paulista, houve relatos de panelaços em Perdizes, Pompeia e Pinheiros, zona oeste, e em Santa Cecília, Bela Vista e Higienópolis, na região central. Em Brasília, os protestos ocorreram na Asa Norte. Já no Rio, as manifestações se concentraram na zona sul, com gritos de “Fora Bolsonaro”, “canalha”, “assassino” e “genocida”.

Redes. A demissão de Teich também causou mobilização nas redes sociais. A cloroquina e o isolamento social foram os assuntos mais comentados em posts relacionados à pandemia do coronavírus. No Twitter, o nome de Teich era o assunto mais comentado na tarde de ontem, com 542 mil menções. Postagens com críticas faziam referência à demissão do ministro em meio à pandemia. Por outro lado, comentários favoráveis à demissão relacionaram a saída de Teich à resistência do agora ex-ministro a criar protocolo para tratamento de pacientes leves de covid-19 com cloroquina.

O medicamento teve mais de 211 mil comentários ontem, enquanto comparações entre a demissão de Teich e a do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta foram citadas 62,7 mil vezes.

Os usuários do Twitter também dedicaram tempo para especular sobre a sucessão no ministério da Saúde. O nome do ex-ministro da Cidadania Osmar Terra foi lembrado em 43,2 mil tuítes, enquanto o da médica Nise Yamaguchi foi citado em 12,8 mil tuítes.

As postagens em grupos bolsonaristas no Facebook consideravam a demissão necessária tendo em vista a discordância do ministro com a posição de Jair Bolsonaro de aplicar cloroquina no tratamento de pacientes leves. Já publicações críticas à exoneração defenderam o agora ex-ministro na divergência com Bolsonaro.