Título: EUA tentam acordo
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Fonte: Correio Braziliense, 27/12/2012, Economia, p. 12

Governo norte-americano corre para fechar, no Congresso, pacote que evitará o abismo fiscal e afastará a recessão

O presidente norte-americano, Barack Obama, terá de encurtar as férias no Havaí. Ele é esperado hoje em Washington, quando o Senado e a Câmara dos Deputados norte-americanos voltam a trabalhar depois do recesso de Natal. Em pauta, uma última tentativa de negociação com o Congresso para evitar, ou pelo menos adiar, o chamado “abismo fiscal” de aumento de impostos e corte de gastos do governo, agendado para começar na próxima semana.

Antes do período de descanso, nenhum acordo de projeto de lei específico para tratar do abismo estava no cronograma de qualquer uma das duas Casas. Os investidores acompanham de perto as tentativas de acordo, preocupados que o abismo jogue a economia em recessão — com o fim de incentivos fiscais, serão retirados da economia US$ 600 bilhões, o que pode resultar em uma queda de 0,30% no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2013.

Assessores e membros do Congresso acreditam que uma medida modesta de última hora poderia passar pelo Senado, controlada pelos democratas, se os republicanos concordarem em não usar um obstáculo processual conhecido como obstrução — um compromisso que o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, até agora não fez. O Legislativo está dividido entre reduzir o deficit ou evitar o choque imediato da queda no abismo em 31 de dezembro.

Mas para conseguir a aprovação na Câmara, controlada pelos republicanos, de qualquer projeto de lei que aumente os impostos, seria necessário um raro voto bipartidário. Se o projeto incluir aumento de impostos sobre os norte-americanos mais ricos, como Obama exige, todos os 191 democratas teriam que se juntar a pelo menos 26 republicanos para obter maioria.

Barack Obama deve recorrer a um aliado democrata confiável, o líder da maioria no Senado, Harry Reid, para ajudar a elaborar um acordo rápido. De acordo com um alto funcionário do governo, assessores da Casa Branca já começaram a discutir detalhes da medida orçamentária do fim do ano com os colegas democratas no Senado, no início desta semana.

Enquanto isso, o presidente-executivo do Starbucks, Howard Schultz, está pedindo que os funcionários dos aproximadamente 120 cafés na região de Washington escrevam, hoje e amanhã, “come together” (unam-se) nos copos de clientes para enviar uma mensagem para os políticos fortemente divididos.

Vendas em baixa Diante desse cenário de incertezas, as ações norte-americanas recuaram ontem após varejistas divulgarem dados decepcionantes sobre as suas vendas na temporada de fim de ano, com consumidores reduzindo os gastos possivelmente por causa dos temores sobre o abismo fiscal.

Informações preliminares sobre as vendas de Natal mostram que o crescimento foi, entre 28 de outubro e 24 de dezembro, de apenas 0,7%, ante aumento de 2% no mesmo período do ano passado, de acordo com a MasterCard Advisors SpendingPulse. Se o crescimento inferior a 1% for confirmado, será a pior temporada de vendas de fim de ano nos EUA desde 2008, durante a última recessão.