Título: O desafio de enfrentar a recessão
Autor: Pedreira, Vinícius ;
Fonte: Correio Braziliense, 27/12/2012, Mundo, p. 17

A Câmara Baixa japonesa ( equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) elegeu formalmente Shinzo Abe, do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), novo primeiro-ministro do Japão. A vitória coloca o nacionalista no comando do país para reverter a crise econômica e vencer desafios como o envelhecimento da população e, em especial, a disputa com a China pelas ilhas Senkaku. Sua nomeação também já foi aprovada pela Câmara Alta (Senado) e só depende, agora, da concordância oficial do imperador Akihito.

Em seis anos, será a sexta mudança de premiê, um sinal da dificuldade da nação em vencer a recessão, agravada pelo tsunami de 2011 e pela crise europeia. A aprovação do nome de Abe ocorre 10 dias após a vitória nas eleições legislativas e a conquista da maioria dos assentos da Câmara Baixa (328 das 478 cadeiras) pelo PLD de Abe. Dessa forma, o partido volta ao poder (mantido por 54 anos praticamente ininterruptos) depois de três anos do Partido Democrático do Japão (PDJ), liderado pelo ex-premiê Yoshihiko Noda, no poder. Abe resume sua fórmula para governar como “reconstrução + reativação econômica + reforma da educação + recuperação da diplomacia + retorno da segurança em um novo Japão”. O novo primeiro-ministro afirma ainda que corrigirá os erros do antecessor, a quem acusa ter diminuído a confiança do povo japonês no poder político.

“Eu quero aprender com a experiência do meu governo anterior, incluindo os contratempos, e buscar um governo estável”, disse Abe a repórteres antes de ser eleito. A renovação no poder também contará com o ex-primeiro-ministro Taro Aso, como ministro das Finanças e vice-premiê. Ele terá, com Akira Amari (encarregado de revitalizar a economia nipônica), a árdua missão de tirar o país da recessão.

De acordo com o diretor acadêmico de relações internacionas das Faculdades Integradas Rio Branco, Alexandre Ratsuo Uehara, não há dúvidas de que o principal desafio do novo governo é a econômia. Segundo ele, a priorida do projeto de Abe é incentivar o consumo interno. “O país passa por uma deflação, ou seja, os produtos, com o tempo, ficam mais baratos ou não aumentam de valor. Assim, os consumidores não se sentem estimulados a consumir, à espera de que os preços diminuam mais ainda, e isso agrava a crise”, explica ao Correio.

Outro ponto importante, aponta, é a necessidade de um governo mais duradouro. Com a constante mudança de primeiro-ministro, os resultados concretos não acontecem. “Agora que ele tem maioria, fica mais fácil passar os projetos e agilizar as políticas econômicas”, afirma.