Correio braziliense, n. 20857 , 30/06/2020. Brasil, p.7
País bate 58 mil mortes por covid
Maria Eduarda Cardim
30/06/2020
Ministério da Saúde confirma mais 24.052 infecções em 24 horas, totalizando 1.368.195 de doentes da covid-19. Epicentro da pandemia, São Paulo registra ligeira desaceleração no número de óbitos, após sucessivos recordes. Multa para quem não usar máscara é de R$ 500
Ainda com uma alta taxa de transmissão indicada por estudos internacionais e com a interiorização do vírus, o Brasil parece longe de um controle da doença. Ontem, foram registradas mais 692 mortes pela covid-19, batendo a marca de 58 mil vidas perdidas pela doença. Ao todo, são 58.314 fatalidades. O Ministério da Saúde também confirmou mais 24.052 infecções em 24 horas e, com isso, o país soma 1.368.195 de casos em território nacional. Os números mantêm o Brasil em segundo lugar do ranking mundial das nações mais afetadas pelo novo coronavírus. De acordo com a Universidade Johns Hopkins, o país só fica atrás dos Estados Unidos em números absolutos, que têm 2.564.163 de infectados e 125.928 mortes pelo vírus.
Epicentro da doença no Brasil, São Paulo é a unidade da Federação com o maior número de casos e óbitos desde o início da pandemia. Hoje, o estado tem 275.145 infectados e 14.398 mortes pela covid-19. Apesar dos números, o governador João Doria ressaltou ontem, em entrevista coletiva, que houve uma diminuição de 144 mortes, no comparativo semanal. Enquanto na 25ª semana epidemiológica foram registrados 1.913 óbitos, na 26ª, foram confirmados 1.769.
“É uma boa notícia que deve ser registrada, mas evidentemente com moderação. Vamos manter o foco nas medidas de controle da pandemia, aumentar capacidade de testagem e também no atendimento do sistema de Saúde no estado de São Paulo”, afirmou Doria.
Coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19 do Estado de São Paulo, João Gabbardo pontuou que, além da redução de mortes, na 26ª semana, foi observado o menor aumento percentual de toda a série histórica. “Essa semana tivemos 14% de aumento. E podemos observar que o crescimento vem caindo gradativamente, de forma sustentada.”
Máscaras
Mesmo com a diminuição, a interiorização do vírus, tendência observada em todo o Brasil, é visível no estado, já que apenas 26 dos 645 municípios não registraram infecções pelo novo vírus. Para tentar controlar de forma mais eficaz a disseminação da covid-19 na unidade federativa, o governador João Doria anunciou que, a partir de amanhã, a Vigilância Sanitária poderá multar pessoas ou estabelecimentos comerciais que desrespeitarem o uso de máscaras em espaços comuns.
A pessoa que estiver sem máscara em espaços públicos, como praças, será multada em R$ 500. Já em estabelecimentos comerciais, a multa prevista é de R$ 5 mil por pessoa sem a proteção. O valor arrecadado pelas multas será revertido para o programa Alimento Solidário, que distribui cestas de alimentos para famílias carentes.
“Queremos atingir 100% das pessoas usando máscaras, pois isso reduz sensivelmente a possibilidade de transmissão do coronavírus”, justificou Doria, que também anunciou o retorno da veiculação da campanha publicitária de conscientização sobre o uso do acessório.
Outros estados
Além de São Paulo, outros nove estados ultrapassaram a marca de mil óbitos cada. São eles: Rio de Janeiro (9.848), Ceará (6.076), Pará (4.870), Pernambuco (4.782), Amazonas (2.792), Maranhão (2.012), Bahia (1.800), Espírito Santo (1.621) e Alagoas (1.032). Juntas, as dez unidades da federação somam 49.231 mortes, ou seja, 84,4% de todos os óbitos. No Brasil, apenas Tocantins e Mato Grosso do Sul têm menos de 200 óbitos, com 195 e 75 mortes, respectivamente.
Ontem, o Ministério da Saúde anunciou que está trabalhando em três frentes para sanar as dificuldades de estados e municípios no abastecimento de medicamentos utilizados nas unidades de terapia intensiva (UTIs), como o kit de intubação de pacientes com covid-19.
O Ministério da Saúde iniciou um processo de compra por meio de um pregão eletrônico para aquisição centralizada desses medicamentos, no qual os estados poderão ser co-participantes.
Além disso, o órgão fez requisição administrativa do excedente da produção da indústria farmacêutica nacional para distribuir para os estados que não estavam conseguindo comprar. A pasta chegou a acionar, ainda, a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) para buscar uma cotação de fornecedores internacionais a fim de regularizar a situação.