O globo, n. 31709, 31/05/2020. País, p. 7

 

Datafolha registra queda na reprovação a Congresso e STF

31/05/2020

 

 

No Legislativo, avaliação como ruim ou péssima caiu de 45% para 32%

A reprovação da população brasileira ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) registrou queda, segundo dados divulgados ontem pelo Datafolha. A mudança de opinião ocorre em meio à crise política do governo Jair Bolsonaro. A pesquisa indica que 32% dos entrevistados consideram ruim ou péssimo o desempenho de senadores e deputados. Essa taxa era de 45% em dezembro. E 18% avaliam seu desempenho como ótimo ou bom, acima dos 14% de seis meses atrás. A avaliação regular subiu de 38% para 47%.

Os assalariados sem registro são o grupo que mais aprova os parlamentares, com taxa de 31%. Entre as pessoas com ensino fundamental, 26% consideram o trabalho ótimo ou bom. A taxa é de 24% entre quem aprova a gestão de Bolsonaro no combate à pandemia. Entre empresários, a rejeição é de 47%. Entre quem tem ensino superior, de 43%. E dos que aprovam Bolsonaro, a taxa é de 39%.

O levantamento foi feito entre segunda e terça-feira, com 2.069 pessoas no país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. As entrevistas precisaram ser feitas por telefone em razão das medidas de distanciamento social da pandemia. A aprovação do STF também aumentou. Hoje, 30% dos entrevistados consideram o trabalho dos ministros da Corte como ótimo ou bom, ante 19% em dezembro. A avaliação como ruim ou péssimo caiu de 39% para 26%.

A taxa de avaliação como regular se manteve quase sem mudanças. Foi de 39% na pesquisa anterior para os atuais 40%. As melhores avaliações dos membros do Tribunal são de pessoas que estão totalmente isoladas socialmente. Nesse grupo, a avaliação como ótimo ou bom é de 40%. Entre quem está desempregado, em busca de emprego, essa taxa é de 36%. E dos que têm ensino fundamental, de 34%. Do outro lado, quem ganha mais de dez salários mínimos é quem mais desaprova o desempenho do STF. São 48% entre esse grupo. A taxa é de 36% para as pessoas que aprovam o governo Bolsonaro. Entre empresários, de 40%.

Nas últimas semanas, o presidente tem participado de manifestações de apoiadores em Brasília que pedem o fechamento do STF e do Congresso. A atitude de Bolsonaro tem provocado uma série de atritos com ministros da Corte e parlamentares, que repudiam as reivindicações antidemocráticas dos manifestantes.

Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que Bolsonaro “desorganiza e gera insegurança” ao adotar uma postura de enfrentamento aos demais Poderes da República. A declaração foi dada numa transmissão ao vivo pelo Instagram. Sobre a relação conturbada entre Legislativo e Executivo, Maia disse que o cargo de presidente exige outro tipo de atitude.

— Quando você chega à Presidência, o seu papel é considerar. Você não é o presidente apenas dos que o elegeram. É de todos os brasileiros. Como o presidente foi eleito com muita força, foram muito ideológicos, o pessoal de extrema-direita nas redes sociais, ele tende a ser mais comprometido com eles. E quando tem um conflito, acaba atacando mais na linha do que fazia antes. Só que, cada vez que vai para o enfrentamento, ele desorganiza e gera insegurança —afirmou Maia.