O globo, n. 31709, 31/05/2020. País, p. 6

 

Polícia do DF indicia três por agressões a enfermeiros

Rayanderson Guerra

31/05/2020

 

 

Um dos militantes participou de protesto contra o Supremo Tribunal Federal e é ex-funcionário do Ministério dos Direitos Humanos 

REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS/1-5-2020Ameaças. Manifestantes pró-governo hostilizaram profissionais de enfermagem no último dia 1º de maio em Brasília

 A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou três pessoas acusadas de agredirem profissionais de enfermagem no dia 1º de maio. Foram indiciados Sabrina Nery Silva, Marluce Carvalho de Oliveira Gomes e Renan

da Silva Sena. Renan é ex-funcionário do Ministério dos Direitos Humanos e também participou de protesto contra o Supremo Tribunal Federal (STF) com expressões ofensivas à corte. No fim de abril, ele gravou vídeos de divulgação ao lado da empresária Marluce Carvalho, de Palmas (TO), convocando para o “Acampamento Patriota”, uma vigília na Esplanada exigindo a renúncia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), e de ministros do STF. A ação foi divulgada pela Organização Nacional dos Movimentos (ONM). O termo circunstanciado com os indiciamentos foi enviado ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

Após a confusão no dia 1º de maio, a Procuradoria Geral da República (PGR) encaminhou ao Ministério Público Federal na primeira instância um pedido de investigação contra Renan. O pedido de investigação cita também a necessidade de apurar informação veiculada pelo site UOL segundo a qual ele seria funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mas não exerce mais suas atividades no órgão desde março.

O ofício da PGR aponta que os fatos são “de inegável gravidade” e podem ser enquadrados em crimes da Lei de Segurança Nacional e em crimes contra a administração pública. O documento é assinado pelo procurador João Paulo Lordelo, membro da assessoria especial do procurador-geral da República Augusto Aras, e foi destinado ao chefe da Procuradoria da República no Distrito Federal, Cláudio Drewes, que distribuirá a investigação para algum membro da Procuradoria. O caso deve correr em primeira instância porque Renan não tem foro privilegiado.

PICHAÇÃO NA PGR

A sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, foi alvo de uma pichação na madrugada de sábado. Pela manhã, funcionários do órgão encontraram uma inscrição na placa que identifica o órgão. Na chapa de metal, era possível ler “Procuradoria-Geral do Bolsonaro”. O sobrenome do presidente da República foi escrito logo acima da palavra “República”. Procurada pelo GLOBO, a PGR afirmou que “repudia o ato de vandalismo, contra sua sede, que já se encontra em investigação para responsabilização civil e criminal.As medidas de reforço na segurança das unidades de todo o país serão tomadas com a maior rapidez possível”. A mensagem foi apagada ainda na manhã de ontem.