Valor econômico, v.21, n.5028, 24/06/2020. Brasil, p. A2
Pazuello nega tentativa de manipulação de dados
Rafael Bitencourt
24/06/2020
O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, negou ontem que houve tentativa de manipular o número de mortes relacionadas à covid-19. Durante sessão virtual da comissão mista do Congresso, formada por deputados e senadores, o ministro explicou que o registro de óbito "é um documento único, é imutável", que não pode ser ocultado da base alimentada pelos Estados.
No início do mês, o ministério chegou a ser acusado de tentar mascarar as dados sobre o impacto da pandemia no país ao divulgar boletim epidemiológico apenas com os óbitos das últimas 24h. Na ocasião, foram excluídos os registros de mortes de dias anteriores. A pasta retomou o modelo anterior de divulgação após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro explicou que a ideia era apresentar uma curva gráfica com os números distribuídos na data exata da morte. Isso, na prática, minimiza o impacto das novas notificações. Durante a sessão, Pazuello se comprometeu a apresentar os dados sobre os recursos usados no enfrentamento da pandemia com "transparência infinita".
Na comissão, o ministro classificou a decisão do médico como "soberana". Com essa posição, o ministro tende a dar maior liberdade ao médico para prescrever medicamentos que ainda não têm a eficácia comprovada. É o caso da cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro como alternativa de tratamento.
"Os nossos médicos têm sim a capacidade e o direito de diagnosticar aquele paciente, dando a ele o protocolo de tratamento que achar que deve fazer", disse.