Título: Histórico de fraudes
Autor: Valadares, João; Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 12/01/2013, Política, p. 2

Quando se descobre um caso de funcionário fantasma no Congresso não é só o servidor que pode ser punido por receber salário sem prestar o serviço. Se a investigação apontar que o parlamentar responsável pela nomeação sabia da irregularidade e não a evitou, o deputado ou senador também é alvo de ação civil de improbidade administrativa. Além de Vanessa Grazziotin, investigada por abrigar fantasmas do tempo em que era deputada federal, outros parlamentares já sofreram a mesma acusação.

Em 2010, o Ministério Público Federal do Distrito Federal encaminhou à Justiça uma ação civil pública contra três ex-deputados federais — João Carlos Bacelar (PTN-BA), Jorge Khoury (DEM-BA) e Ariston Correia (PMDB-BA) — cobrando R$ 166 mil, referentes ao pagamento de um funcionário fantasma por seis anos. A investigação indicou que Arnaldo Santos Marques Filho, que trabalhava na fazenda de um dos parlamentares, havia sido contratado na Câmara sem seu conhecimento. O objetivo dos deputados era utilizar o salário que seria pago ao funcionário para quitar dívidas trabalhistas. O caso ainda tramita na primeira instância da Justiça Federal do DF.

Em 2009, acabou descoberto que o senador Efraim Morais (DEM-PB) mantinha em seu gabinete 52 funcionários que passavam os dias de trabalho na verdade conquistando votos para ele e seus aliados na Paraíba. As servidoras acusadas só foram exoneradas um ano após a denúncia.

No ano passado, o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) reconheceu que o secretário parlamentar Adriano Andrade estava lotado em seu gabinete, apesar de trabalhar como gerente do restaurante dos filhos do parlamentar. Benevides demitiu Andrade e disse que devolveria o valor pago ao funcionário indevidamente. Com a atitude do deputado, o episódio não chegou a ser encaminhado à Justiça.