O Estado de São Paulo, n.46237, 21/05/2020. Política, p.A4

 

BB retira anúncio de site; Carlos protesta

Adriana Fernandes

Julia Lindner

21/05/2020

 

 

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) criticou a comunicação do Banco do Brasil após a instituição ter retirado publicidade do “Jornal da Cidade Online”, sob a alegação de que o veículo é um propagador de notícias falsas. “Marketing do @BancodoBrasil pisoteia em mídia alternativa que traz verdades omitidas.”, escreveu o filho do presidente no Twitter.

O banco foi informado de que estava monetizando o site pelo Sleeping Giants Brasil. Trata-se de um perfil no Twitter que alerta empresas quando suas publicidades estão em sites com conteúdo racista ou de fake news. Nesse caso, o perfil comunicou o banco pela rede social de que sua publicidade estava numa página conhecida por espalhar fake news e, ainda, que é contra o isolamento social para combater o avanço da covid-19.

O BB respondeu ao perfil pelo Twitter. “Agradecemos o envio da informação, comunicamos que os anúncios de comunicação automática foram retirados e o referido site, bloqueado.” Procurado pelo Estadão, o BB ainda não se manifestou sobre as críticas de Carlos.

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Tendência de decano é liberar vídeo de reunião na íntegra

Rafael Moraes Moura

21/05/2020

  

 

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, ficou incrédulo com o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, segundo o Estadão apurou. Fontes que acompanham o caso avaliam que a tendência do ministro é atender ao pedido do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e levantar o sigilo da íntegra da gravação do encontro do presidente Jair Bolsonaro com seus auxiliares. O argumento é o interesse público. Celso já destacou em uma decisão do início deste mês “não haver, nos modelos políticos que consagram a democracia, espaço possível reservado ao mistério”.

O vídeo é considerado peça-chave nas investigações do “inquérito Moro X Bolsonaro”, que apura se o presidente da República tentou interferir politicamente na Polícia Federal para obter informações sigilosas. Celso assistiu ao vídeo de sua residência em São Paulo, onde cumpre o distanciamento social. Até agora, apenas trechos da reunião foram tornados públicos, conforme transcrição feita pela Advocacia-Geral da União, que defende Bolsonaro no caso.

Celso de Mello é conhecido pelas decisões aprofundadas, elaboradas, repletas de grifos, negritos, trechos sublinhados e citações a especialistas e à jurisprudência da Corte. O decano prometeu liberar a decisão sobre o sigilo até amanhã. O ministro Marco Aurélio Mello disse ao Estadão que defende a divulgação integral do vídeo da reunião. “É princípio básico da administração a publicidade.”

Em parecer ao Supremo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, se posicionou pela divulgação apenas de declarações de Bolsonaro relacionadas ao objeto do inquérito.