Correio braziliense, n. 20862 , 05/07/2020. Política, p.5

 

Bolsonaro insiste na cloroquina e volta a defender abertura total

Ingrid Soares

Sarah Teófilo

05/07/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, ontem, o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pessoas com a covid-19, embora não haja comprovação científica da eficácia do medicamento. O retorno ao tema foi em entrevista depois de ter sobrevoado, em Santa Catarina, duas das cidades atingidas pelo ciclone bomba, que matou nove pessoas no estado. Ele também insistiu na abertura total da economia ao afirmar que a “segunda onda” da crise, com desemprego e recessão, seria mais grave do que a pandemia do novo coronavírus.

“Estamos tendo notícias, não só no Brasil como no mundo, (de que) o tratamento precoce via hidroxicloroquina tem surtido efeito. Então, nós apelamos àqueles ainda que resistem a esse protocolo que realmente entendam que o único tratamento que temos no momento, enquanto não chega a vacina, é a hidroxicloroquina”, observou, mas sem dizer de onde vêm as informações que disse ter. Bolsonaro destacou, ainda, que o Brasil se aliou à Inglaterra e a outros países com U$ 100 milhões na busca pela vacina.

O presidente ainda insistiu que passou da hora de retomar a economia. “Nossa equipe de ministros, de forma muito profissional, tomou todas as providências, não só para atender a estados e municípios com recurso, bem como trabalhamos também para que empregos não fossem destruídos, porque a segunda onda, a recessão, seria muito mais grave do que o que vivemos no momento”, explicou.

Ele lamentou as mortes na região provocadas pelo ciclone bomba e se colocou à disposição do governo catarinense. “Passamos por alguns pontos que foram atingidos pelo fenômeno. Realmente é uma imagem triste. Somos solidários também aos familiares que perderam seus parentes. Estamos trabalhando, mas, agora, de forma mais integrada, colocando-nos à disposição do governador e dos prefeitos para recuperar e mitigar os problemas”, afirmou.

Depois de um bom tempo sem falar sobre política publicamente, Bolsonaro aproveitou para garantir que o governo “respeita a Constituição” acima de tudo. “Nós quebramos paradigmas. Encontramos um Brasil com sério problemas econômicos, financeiros, éticos e morais. É um governo que respeita a Constituição acima de tudo, e ninguém pode falar uma só palavra que porventura venha a dizer que estamos fazendo o contrário. Respeitamos a liberdade de expressão, que é um dos pilares da democracia; respeitamos os Poderes. Temos dificuldades, sim, porque o governo passou a trabalhar de forma diferente dos anteriores”, garantiu.

4 de Julho

À tarde, Bolsonaro participou de um almoço na residência do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, para comemorar a data da independência americana. Estava acompanhado dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Fernando Azevedo (Defesa), Walter Braga Netto (Casa Civil) e do secretário de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha.

Ele parabenizou o presidente Donald Trump e o povo americano pela data. “Gostaria de parabenizar o presidente @realDonaldTrump e o povo dos EUA pelo 244º aniversário de sua Independência. Como líderes das duas maiores democracias ocidentais, trabalhamos para avançar os ideais de liberdade, democracia e dignidade humana que esta data representa”, postou no Twitter.

Aproveitou, ainda, para cumprimentar Trump “pelo belíssimo e corajoso discurso do dia de ontem” — referindo-se às falas do presidente dos EUA em evento no Monte Rushmore, na Dakota do Sul, no qual fez um apelo aos eleitores descontentes e acusou os manifestantes que participaram do movimento racial Black Lives Matter de se envolverem em uma “campanha impiedosa para acabar com a nossa história”.

“Palavras de um grande estadista. Que o legado e os valores dos fundadores dessa grande nação permaneçam sólidos e jamais sejam apagados por radicais”, anotou Bolsonaro, em português e inglês.