Título: Prefeito exige o respeito às leis
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 10/01/2013, Mundo, p. 18
O social democrata Antonio Ledezma, prefeito de Caracas entre 1996 e 2000 e eleito para um novo mandato em 2008, acusa o regime chavista de acabar com as instituições da Venezuela. Em entrevista exclusiva ao Correio, por e-mail, Ledezma — um dos mais ferrenhos adversários de Hugo Chávez — garantiu que a única agenda da oposição é o respeito à lei e à Constituição. Ele também criticou a postura do governo brasileiro, que demonstrou simpatia com a prorrogação da posse do presidente. "Rechaçamos qualquer ingerência imprópria do Brasil", disse.
Como o senhor analisa a decisão da Assembleia Nacional de conceder o tempo que for necessário para a recuperação do presidente Hugo Chávez?
Eu previ que o presidente Chávez se separaria do cargo para que atendesse o seu problema de saúde, em Havana. Mas o afastamento teria que terminar amanhã (hoje). Em 10 de janeiro, começa um novo mandato, que requer o devido juramento.
O governo diz que Chávez está com a saúde delicada, mas oferece poucos detalhes. O que a oposição pretende fazer para ter acesso às informações?
Eu sigo exigindo que se solicite a formação de uma junta médica confiável, que nos entregue um informe oficial sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez. A oposição exige o apego à Constituição e o respeito à democracia. A nossa única agenda é de respeito à legislação e à Constituição Nacional Bolivariana.
Diante da atual crise política, como o senhor imagina o futuro do chavismo?
O chavismo tem 20 anos obedecendo a um regime que tem acabado, de forma paulatina, com as instituições da Venezuela.
A Mesa da Unidade Democrática denunciou, ante a Organização dos Estados Americanos (OEA), a violação da ordem constitucional. Como o senhor vê isso?
Sou absolutamente solidário com a expressão da Unidade. A carta Interamericana dos Direitos Humanos foi violada. Esperamos uma reação da OEA, assim como reagiram com outros atores perante cenários similares.
O Brasil compartilhou da ideia de postergar a posse de Chávez por seis meses...
A única coisa que espero do Brasil é que avalize e respeite a Constituição. Rechaçamos qualquer ingerência imprópria do Brasil, ao agir parcialmente, em nome de setores da Venezuela.