O globo, n. 31700, 22/05/2020. Economia, p. 16

 

Pedidos de seguro-desemprego saltam 76%

Manoel Ventura

22/05/2020

 

 

Na primeira quinzena de maio, 504 mil trabalhadores deram entrada no benefício, segundo dados do Ministério da Economia. No acumulado do ano, mais de 2,8 milhões de pessoas já perderam seus empregos

 

ROBERTO MOREYRA/10-7-2017À espera. Segundo o Ministério da Economia, 250 mil pessoas que foram demitidas ainda podem solicitar o auxílio

 Os pedidos de seguro-desemprego deram um salto na primeira quinzena de maio, conforme mostram dados divulgados ontem pelo Ministério da Economia. Nesse período, 504.313 trabalhadores que perderam seus empregos solicitaram o benefício. O número representa uma alta de 76,2% em relação ao registrados nos primeiros 15 dias de maio do ano passado, 286.272.

No período, os três estados com maior número de requerimentos foram São Paulo (149.289), Minas Gerais (53.105) e Rio de Janeiro (42.693).

O ministério destacou também o aumento de 58,7% das requisições feitas presencialmente em relação à segunda quinzena de abril. Isso é explicado, segundo o governo, por um decreto presidencial que definiu as atividades de processamento do seguro desemprego como essenciais, o que contribuiu para a retomada do atendimento presencial.

No acumulado de janeiro até agora, foram contabilizados 2.841.451 pedidos de seguro-desemprego, na modalidade trabalhador formal. Isso representa um aumento de 9,6% em comparação ao acumulado no mesmo período de 2019.

RUMOS DO MERCADO

O ministério estima que pelo menos outras 250 mil pessoas demitidas em maio têm direito ao benefício, mas ainda não solicitaram. Os requerimentos podem ser feitos até 120 dias após a demissão, de forma totalmente digital e, de acordo com o governo, não há espera atualmente para a concessão do benefício.

As solicitações de acesso ao seguro-desemprego se tornaram um dado importante para saber o impacto causado pela pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho.

Um dos fatores que dificultam o debate sobre os rumos do mercado de trabalho é a ausência de dados estatísticos. A última divulgação do Cadastro Geral de

Empregados e Desempregados (Caged), que mensura o nível de emprego com carteira assinada, foi feita em janeiro, com dados relativos a dezembro.

Desde então, o indicador não foi mais atualizado, em razão de mudanças feitas no sistema de informações e porque as empresas enfrentam dificuldades para repassar os dados em meio à pandemia.

DIFICULDADE NA PESQUISA

O IBGE, que produz indicadores sobre o mercado de trabalho como um todo — incluindo tanto trabalhadores formais como informais —, enfrenta dificuldades para fazer o levantamento após a suspensão da coleta presencial de dados em razão da pandemia. Em março, a taxa de desemprego subiu para 12,2%, um universo de 12,9 milhões de trabalhadores.

Conforme O GLOBO revelou na semana passada, o Ministério da Economia estima que o Brasil deve encerrar o ano com uma perda de 3 milhões de postos de trabalho formais.