Título: O caminho de Kassab rumo à Esplanada
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 11/01/2013, Política, p. 3

O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab quer ser ministro da presidente Dilma Rousseff. Mas só em 2015, caso Dilma seja reeleita. O presidente do PSD vai se candidatar no ano que vem, possivelmente a governador de São Paulo. Como sabe que provavelmente não terá chances na disputa pelo Palácio do Bandeirantes, polarizada entre PT e PSDB, quer se apresentar como fiel da balança em um provável segundo turno, apoiando o candidato petista ao governo paulista. "A política é um exercício de alternativas. Existe melhor forma de Kassab cacifar-se perante a presidente Dilma?" indagou ao Correio um dirigente do PSD.

Para assegurar, no entanto, espaço na reforma ministerial que será deflagrada após a eleição das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, Kassab tem dito aos dirigentes partidários que a legenda deveria aceitar os dois ministérios que estão sendo cogitados na cota do partido: a Secretaria de Aviação Civil e a pasta da Micro e Pequena Empresa — que ainda será criada.

Os correligionários reclamam que são dois ministérios aquém da importância do partido. Por isso, o ex-prefeito sonha que as duas sejam entregues ao PSD, embora o Planalto cogite apenas uma — o Ministério da Micro e Pequena Empresa, que aguarda votação no Senado para sair do papel. "Entrar no governo agora é um risco, porque as peças já estão encaixadas. Mas se a presidente Dilma nos convidar, não há como dizer não", justificou um pessedista.

Aliado Um dos nomes cotados para assumir o Ministério da Micro e Pequena Empresa é o presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e ex-presidente do Sindicato da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Paulo Safady Simão. Muito próximo da presidente Dilma, o empresário mineiro foi considerado um grande parceiro do governo durante as negociações para a implantação do programa Minha Casa, Minha Vida.

Kassab tem dito que não assumirá qualquer cargo no Executivo federal neste momento. A menos, claro, que seja um ministério de peso, como o dos Transportes, por exemplo. Essa hipótese, no entanto, é praticamente impossível, já que Dilma não pretende trocar o ministro Paulo Sérgio Passos e existem outros partidos maiores, como o PMDB, que sonham com a pasta há bem mais tempo.

Por essa razão, o ex-prefeito planeja o próprio futuro para 2015. E opta por uma estratégia muito semelhante à adotada pelo PMDB de Gabriel Chalita na disputa pela prefeitura paulistana. Sob o argumento dado pelo vice-presidente Michel Temer de aumentar o poder político do partido na cidade, Chalita ficou em quarto lugar na eleição e apoiou o PT no segundo turno, o que o credenciou para uma vaga na Esplanada, possivelmente mo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Integrantes do PSD afirmam que Kassab não poderá prescindir de disputar um cargo eletivo no ano que vem. Principalmente depois de ter deixado a prefeitura de São Paulo com péssimos índices de popularidade. Kassab já avisou que não existe hipótese de o PSD apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). A relação entre os dois nunca foi boa e azedou de vez durante a campanha municipal de 2008, quando Alckmin foi candidato a prefeito e parte do PSDB ligada ao então governador José Serra apoiou a reeleição de Kassab, à época no DEM.

Na disputa municipal deste ano, Kassab só apoiou o PSDB quando José Serra decidiu ser candidato, mas essa aliança não tende a se repetir no futuro. "A dívida de Kassab com Serra foi quitada em 2012", garantiu um aliado do ex-prefeito. (PTL)

Na mira do PSD Conheça a situação das duas pastas cobiçadas pelo partido de Kassab

SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL » Orçamento global para 2013 R$ 3,3 bilhões

» Orçamento para investimentos R$ 589 milhões

Investimentos no setor aéreo nos próximos 30 anos

» Concessões de Brasília, Guarulhos (SP) e Viracopos (SP) R$ 24,5 bilhões

» Concessões de Galeão (RJ), Confins (MG) e aeroportos regionais R$ 20 bilhões

MICRO E PEQUENA EMPRESA Não existe dotação orçamentária prevista porque o ministério ainda não foi criado. Aprovado na Câmara, a proposta de criação da pasta ainda precisa ser aprovada pelo Senado

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