Correio braziliense, n. 20861 , 04/07/2020. Cidades, p.15

 

Cinco perguntas para...

04/07/2020

 

 

Eduardo Hage, subsecretário de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde

No que foi embasada a retomada das atividades e das aulas?

Essa abertura que vai ocorrer durante julho e agosto não se dá em um único momento. Ela está seguindo um cronograma, que começou há dois meses. Cada segmento teve uma data programada para que tudo ocorresse gradativamente, para evitar que todos os setores abrissem ao mesmo tempo. Nesse planejamento, levamos em consideração os setores que poderiam impactar mais, que é exatamente o educacional, que deixamos para o fim do processo. O de bares e restaurantes também apresenta grande volume de pessoas; por isso, vamos fazer após o pico, que está começando.

Qual é o cenário atual do DF em relação à pandemia?

Desde o início, as previsões eram de que a abertura das atividades poderia ter relação direta com a diminuição do isolamento social e, consequentemente, com o aumento de casos. Porém, isso não tem se confirmado no DF. Não há relação direta entre abertura e o crescimento de casos. Há um mês, o crescimento girava em torno de 5% a 7%, chegou a quase 8%, na última semana de maio e no início de junho. Com a abertura dos segmentos, como os shoppings, esperávamos que essa taxa estaria mais alta. Porém, hoje, ela está entre 3% e 4%.

Há possibilidade de implementar o isolamento social novamente?

Após passar o pico, caso os diagnósticos se acelerem em algumas regiões, podem ser adotadas ações naquele local. O lockdown é impraticável e inviável. Esse discurso não se adéqua para o DF. É muito fácil fazer um fechamento para quem vive no centro, que pode ficar dentro de casa. Porém, em outras cidades, como a Estrutural, esse discurso é vazio. As pessoas não conseguem fazer teletrabalho e precisam ir às ruas para manter o sustento.

Como está a disponibilidade de leitos?

Temos, pela Secretaria de Saúde, aberto leitos gradativamente e acompanhado o ritmo de crescimento da pandemia. Não são apenas de UTIs, mas também aqueles chamados de retaguarda, que permitem uma rotação. Somando as redes pública e privada, temos quase 800 leitos disponíveis. Isso é suficiente para atravessar essa fase de pico.

Qual é a expectativa para os próximos dias?

Tínhamos a projeção de, no máximo, 700 pessoas que demandariam leitos de UTI. Isso ainda não se confirmou, mas é provável que o número seja menor. É um dado positivo, que dá folga para remanejar pacientes. Todos esses fatores farão com que a letalidade esteja baixa. Não sabemos quanto tempo vai durar o pico, mas ele deve estar começando. O número de casos entrará em platô e registrará quantidade semelhante diariamente, até diminuir.