O globo, n. 31703, 25/05/2020. País, p. 4

 

Sem mascara, com helicóptero e mais aglomerações

Natália Portinari

25/05/2020

 

 

Faixa pede faxina no STF e no Congresso. Presidente afirma em live que ministro da Defesa sabe ‘fazer valer as Forças Armadas

 

JORGE WILLIAMNovo ato. Bolsonaro acena para apoiadores durante protesto em Brasília

O presidente Jair Bolsonaro participou ontem de nova manifestação em Brasília. A bordo de um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB), o presidente desembarcou na Esplanada dos Ministérios e, sem usar máscara, contrariando determinação do Governo do Distrito Federal, caminhou a pé rumo à concentração de manifestantes, que o receberam aos gritos de “mito”.

Cercado de aliados e seguranças, Bolsonaro andou ao longo de uma grade que o separava de apoiadores. Apesar de manter distância da cerca, ele se aproximou várias vezes do público e chegou a carregar uma criança no ombro, além de pegar outra no colo. O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, acompanhou, de máscara, o ato.

O Palácio da Alvorada fica a cinco minutos de carro da Praça dos Três Poderes, onde acontecia o ato, mais vazio que os anteriores. Ainda assim, Bolsonaro mobilizou recursos públicos com dois helicópteros da FAB — um servia de escolta, e outro transportava os passageiros — para sobrevoar o local. Nos sobrevoos, Bolsonaro foi aplaudido e fotografado.

Havia menos faixas com dizeres antidemocráticos do que em atos anteriores. Alguns manifestantes criticavam a “ditadura” do Supremo Tribunal Federal (STF). Um cartaz apoiava a fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sugerindo a prisão de ministros da Corte: “Weintraub: Todos na cadeia, 1º STF”. Outra faixa pedia uma “faxina geral no STF e no Congresso Nacional”.

Após o ato, Bolsonaro disse em uma live que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, sabe “fazer valer as Forças Armadas” e que o “maior exército é o povo”. “Ele sabe como fazer valer as Forças Armadas em defesa da democracia e da liberdade. Nosso maior exército é o povo.”