Título: Grupo antecipa plano contra armas
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 11/01/2013, Mundo, p. 15

A decisão foi tomada no mesmo dia em que estudante atirou contra colega na Califórnia

Atendendo o pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a força-tarefa criada para formular propostas restritivas ao uso de armas no país apresentará o resultado de seu estudo na terça-feira, um dia depois de o massacre em Newtown (Connecticut) completar um mês. O prazo para conclusão dos trabalhos venceria no sábado, 19 de janeiro. O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, que coordena o grupo, anunciou ontem que já havia um consenso sobre um plano após ouvir vários segmentos ligados ao tema. Seu pronunciamento ocorreu praticamente ao mesmo tempo em a mídia noticiava um novo episódio violento com arma de fogo em uma escola secundária da Califórnia, sem mortos.

Biden manteve uma série de encontros durante a semana com grupos pró e contra o acesso livre a armas. Ontem, ele se reuniu com representantes da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) e da rede de supermercados Walmart, a maior do país, em cujas lojas americanas é possível comprar armamentos. “Há um conjunto de recomendações emergindo dos grupos com os quais estou me encontrando”, disse Biden. “Me comprometi com ele (o presidente) a apresentar as propostas na terça-feira. Isso não significa o fim das discussões, mas que a população nos quer ver em ação”, afirmou. Segundo a Casa Branca, após avaliar as sugestões, Obama decidirá quais delas incluirá em seu pacote de medidas para endurecer o controle de armas à disposição de cidadãos americanos.

A administração democrata aproveita a comoção causada pela chacina de Newtown, na qual morreram 20 crianças, para pressionar o Congresso por medidas mais duras para o tema no país. Biden não detalhou o plano, mas adiantou que algumas recomendações estarão ligadas à verificação universal de antecedentes dos compradores de armas e o banimento de armas e munição de alta capacidade, noticiou a Reuters. O jornal New York Times também mencionou que as medidas abordarão serviços de saúde mental, ponto considerado essencial por analistas.

Reportagem do Washington Post, ontem, afirmou que a Casa Branca trabalha com aliados em uma campanha “bem financiada”, em Washington, para convencer a opinião pública e contrapor o milionário lobby pró-armas do NRA no Congresso. Nesse esforço, o governo recorre às suas principais estrelas, como o popular ex-presidente Bill Clinton. Durante a maior feira de eletrônicos do mundo, realizada em Las Vegas (Nevada), ele chamou de “insana” a disponibilidade de armas de alta capacidade nos EUA.

Enquanto isso, notícias sobre um novo incidente voltaram a assombrar o país. O episódio ocorreu na instituição de ensino médio Taft Union, na cidade de Taft, a 190 km de Los Angeles (Califórnia). A rede de tevê CNN noticiou que um estudante teria disparado contra outro com um rifle. O ferido, de 16 anos, foi levado de helicóptero para um hospital próximo, mas a gravidade dos ferimentos não foi revelada. Citado pela emissora, Ray Pruitt, um porta-voz da polícia local, disse que inicialmente acreditava-se que havia duas vítimas, mas a possibilidade foi descartada. O ataque ocorreu às 9h (15h de Brasília) e, segundo o jornal Los Angeles Times, o atirador foi detido 20 minutos depois, após ser convencido por professores a se entregar. A polícia contou que pessoas escondidas em armários da escola ligaram para o telefone de emergência. Após vasculharem as salas de aula em busca de outros envolvidos, os policiais liberaram os estudantes, que se encontraram com centenas de pais aflitos do lado de fora do prédio.

Karzai em Washington

Em visita a Washington para discutir a retirada das tropas americanas do Afeganistão, o presidente Hamid Karzai se reuniu ontem com o chefe do Pentágono, Leon Panetta, e com a secretária de Estado, Hillary Clinton. Hoje, ele discutirá o assunto com o presidente Barack Obama na Casa Branca. As forças estrangeiras devem deixar o território afegão até o fim de 2014, pouco mais de uma década depois do início da invasão que derrubou o regime Talibã em 2001. Os americanos desejam deixar entre 3 mil e 9 mil soldados para impedir que os militantes da Al-Qaeda voltem ao poder e que os talibãs tomem a Cabul. Mas a pressão cresce para que Obama ponha um ponto final nessa guerra. Karzai apoia a presença de soldados em seu país depois de 2014, mas ainda negocia aspectos mais sensíveis, como a imunidade para os militares americanos e a transferência de presos sob custódia afegã.