Valor econômico, v.21, n.5016, 05/06/2020. Especial, p. A14

 

Ministério não explica atraso na divulgação de dados

Rafael Bitencourt

Fabio Murakawa

05/06/2020

 

 

Com novo atraso na divulgação dos números de casos e mortes por covid-19, o Ministério da Saúde realizou mais uma entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, de posse de números desatualizados da pandemia no Brasil e sem a presença do ministro ou seu substituto imediato, o secretário-executivo.

O secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, foi questionado sobre o atraso na divulgação dos dados pelo segundo dia consecutivo. Os jornalistas perguntaram se isso teria ocorrido pelo registro do número recorde de mortes em um só dia, na última quarta-feira. Ele, no entanto, desconversou e alegou que é preciso consolidar informações vindas das secretarias de saúde de todo o país.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro oficializou a nomeação de mais um militar no comando do Ministério da Saúde. O coronel Antônio Elcio Franco Filho assumiu com titular do cargo de secretário-executivo do órgão, função que já vinha exercendo como adjunto.

Franco entrou no lugar de Eduardo Pazuello, hoje ministro interino da Saúde que substituiu o ex-ministro Nelson Teich. A portaria de nomeação foi publicada ontem em edição extra do "Diário Oficial da União".

No Planalto, técnicos do ministério anunciaram que foi disponibilizado R$ 1,2 bilhão para ampliar o atendimento das unidades básicas de saúde em todo o país. O objetivo é diagnosticar precocemente as pessoas com a covid-19, que apresentam sintomas leves, nas comunidades com grande concentração da população de baixa renda.

"Esse lançamento traz novos serviços para reforçar a identificação e o atendimento precoce dos casos leves da covid", disse a diretora substituta do Departamento de Saúde da Família do Ministério da saúde, Larissa Ramos, durante a entrevista.

A iniciativa do ministério prevê a destinação dos recursos para a manutenção de duas frentes, o Centro de Atendimento e o Centro Comunitário de Referência para enfrentamento da pandemia. O primeiro estará disponível a todos os municípios e o segundo somente àqueles com comunidades em situação crítica, com risco de entrar em calamidade.

A ideia é começar a fazer o diagnóstico precoce da doença e monitorar as pessoas com quem o paciente teve contato. Os recursos disponibilizados também vão ajudar a manter os serviços das unidades básicas de saúde, garantindo que os usuários não sejam submetidos ao risco de contágio pelo novo coronavírus. As unidades básicas já oferecem serviço de rotina relacionados a saúde criança, pré-natal, acompanhamento de pacientes com doenças crônicas (como diabetes e hipertensão).

Os técnicos do Ministério da Saúde afirmaram que pretendem, com os novos recursos, não só apoiar os gestores locais na organização da dinâmica dos casos suspeitos, mas garantir o encaminhamento de casos graves para os grandes hospitais (unidades de referência).

Larissa informou que, a depender da situação do município, a prefeitura poderá receber até R$ 100 mil mensais para reforçar o atendimento na rede básica de saúde durante a pandemia.

O atendimento poderá ser ampliado com o uso de locais disponíveis nas comunidades que podem ser adaptados. "É importante destacar que essa estratégia vai possibilitar que os gestores municipais, dentro da área considerada crítica, onde não tem cobertura nem de equipe de saúde à família e nem unidade básica de saúde, utilize o equipamento social que dispõe. Pode ser um centro comunitário, e ali adaptar para o atendimento", afirmou a secretária substituta de atenção primária do ministério, Daniela Ribeiro.

Até o encerramento desta edição o Ministério da Saúde não havia divulgado um balanço dos casos de covid-19 no país ontem.