Título: Monitorados até longe da vida pública
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 02/12/2012, Política, p. 6
Durante o regime militar, além de perderem os mandatos, os políticos tinham que dar satisfações sobre suas atividades, inclusive viagens internacionais. Diversos documentos do Arquivo Nacional mostram relatos da Polícia Federal sobre o paradeiro de deputados e senadores destituídos pela ditadura. Um deles, por exemplo, da Divisão de Segurança e Informação (DSI) do Ministério da Justiça, fala sobre o deslocamento de três ex-parlamentares, todos excluídos da vida pública.
O trio pertencia a partidos diferentes, inclusive um deles, o deputado Aluizio Alves, do Rio Grande do Norte, era da Aliança Renovadora Nacional (Arena), a legenda do governo. O parlamentar pretendia viajar para o Paraguai, assim como o colega Abelardo de Araújo Jurema (PSD-PB). O terceiro político era Luiz Fernando Bocayuva Cunha (PTB-RJ), que iria se deslocar para França, Estados Unidos e Inglaterra.
A intenção era manter os cassados sob controle, inclusive no exterior. A análise de cada caso era feita pelo diretor da Polícia Federal e encaminhada para parecer final do ministro da Justiça. Normalmente, quando não havia outras razões para a proibição dos deslocamentos, a viagem era autorizada. Em algumas situações, como a do ex-deputado Leonel Brizola e do ex-presidente Jânio Quadros, a vigilância era mais severa e, mesmo eles estando em outros países, os passos eram controlados pelo Serviço Nacional de Informações (SNI).