Título: Economia ilusória
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 04/01/2013, Economia, p. 9

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, um dos maiores defensores da desoneração da energia como estratégia para conter a inflação, calcula que o governo terá uma economia anual de R$ 300 milhões com a redução na conta de luz a partir de fevereiro. O valor a menos se refere só aos gastos da administração direta com as tarifas das distribuidoras, sem contar os efeitos para estatais e autarquias. Mesmo assim, o montante é bem inferior ao esforço que o Planalto terá de fazer para garantir a redução média de 20,2% no custo da eletricidade. No total, terá que arcar com um gasto de R$ 5 bilhões a R$ 7 bilhões para bancar encargos tarifários que foram reduzidos e indenizar concessionárias.

Apesar de a presidente Dilma Rousseff ter afirmado que o Tesouro bancaria a diferença deixada pelas estatais Cesp (SP), Cemig (MG), Copel (PR) e Celesc (SC), ao se negarem a renovar concessões de usinas e a aderir ao pacote para reduzir tarifas, o secretário garantiu que o cofre federal não terá prejuízo. Isso porque o governo usará fundos formados pelos próprios encargos que incidem sobre as contas e créditos de Itaipu. Augustin argumentou ainda que, com a recusa das companhias estaduais, o Tesouro gastará menos com indenizações pelos investimentos já realizados.